O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) voltou a responsabilizar neste domingo (16) também a Ucrânia pelo conflito que se arrasta no Leste Europeu há 13 meses. A declaração foi feita em Abu Dhabi, nos Emirados Árabes Unidos, onde o líder brasileiro fez uma parada ao retornar de viagem à China.
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— O presidente [russo, Vladimir] Putin não toma a iniciativa de parar. [O presidente ucraniano, Volodimir] Zelenski não toma a iniciativa de parar. A Europa e os Estados Unidos continuam contribuindo para a continuação desta guerra. Temos que sentar à mesa e dizer para eles: “Basta” — disse Lula antes de encerrar sua visita à nação árabe.
Ele acrescentou que a “decisão pelo conflito foi tomada por dois países”.
O petista voltou a defender sua proposta de um “clube da paz” para o fim da Guerra da Ucrânia — formado por países que, na visão do governo brasileiro, não estariam alinhados a nenhum dos lados do conflito. Lula disse que as negociações deveriam ser conduzidas por um grupo semelhante ao G20, que reúne as maiores economias do mundo. A iniciativa até agora não gerou entusiasmo entre líderes ocidentais.
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— Conversei com o xeique [do EAU, Mohammed ben Zayed al Nahyan] sobre a guerra. Falei com o [líder chinês] Xi Jinping sobre paz. E acho que estamos encontrando um grupo de pessoas que prefere falar sobre paz do que guerra. Acho que teremos sucesso — ressaltou o presidente.
Lula desembarcou em Abu Dhabi no sábado (15), depois de se reunir com Xi em Pequim e fechar 15 acordos comerciais com a nação asiática. Pouco antes de sair do país, o brasileiro cobrou dos EUA que “parem de incentivar a guerra e comecem a falar em paz”.
A declaração incomodou integrantes do governo norte-americano ouvidos pela Folha de S.Paulo, cujas percepções são de que a política externa do Brasil tem adotado um tom aberto de antagonismo contra Washington e de alinhamento com Moscou e Pequim. Nesta segunda (17), o chanceler russo, Serguei Lavrov, desembarca em Brasília para uma viagem de dois dias ao país na qual discutirá, entre outros assuntos, o conflito provocado por seu país.
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Para o Itamaraty, a visita é uma prova de uma saudável independência brasileira. Dois meses antes de ir à China, Lula visitou o presidente americano, Joe Biden, na Casa Branca. Na ocasião, seu governo cedeu à pressão do democrata e aceitou uma declaração conjunta que condenava nominalmente a Rússia pela violação territorial na Ucrânia, pelo desrespeito ao direito internacional, pelas mortes e pelos ataques à infraestrutura essencial do país.
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No mês passado, porém, o Brasil não assinou a declaração final da segunda edição da Cúpula da Democracia, evento promovido pelo mesmo governo Biden. O texto trazia uma série de críticas à invasão da Ucrânia pela Rússia. Lula ainda se opôs recentemente ao envio de armas e de munições aos ucranianos por Brasília, e é contra sanções a Moscou.