O presidente Luiz Inácio Lula da Silva propôs nesta quinta-feira (22) que a guerra na Ucrânia seja paralisada como condição para o início das negociações de paz entre Kiev e Moscou. Lula sugeriu que os soldados ucranianos e russos devem “parar de atirar” para dar início a conversas em que cada lado na guerra ceda um pouco de sua posição inicial.
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O presidente afirmou que busca a formação de um grupo de países não alinhados para sugerir mecanismos de resolução diplomática do conflito. Segundo ele, a abordagem conjunta para o cessar-fogo e posterior mesa de negociação envolveria Brasil, China, Índia, Indonésia, México e Argentina, além de representantes da África.
— É preciso colocar os atores numa mesa de negociação, é preciso parar de atirar e tentar encontrar uma solução pacífica — afirmou o presidente. — É preciso convencer o Putin e o Zelenski que o melhor negócio é acabar com a guerra e tentar saber em que condições vamos voltar à normalidade.
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Lula discutiu suas ideias com o Papa Francisco, no Vaticano, mas indicou que o pontífice não necessariamente vai participar desta tentativa de formar um grupo de países. Lula afirmou que o chefe de Estado da Santa Sé e autoridade máxima da Igreja Católica tem “personalidade própria do ponto de vista jurídico, moral e político” para liderar individualmente conversas de lado a lado. Tanto Kiev quanto Moscou mantêm interlocução com o Vaticano.
— O Papa Francisco é hoje a mais importante autoridade política que existe no Planeta Terra, não só pelo que representa, mas por sua postura — afirmou Lula, em entrevista a jornalistas. — O papa tem mandado seus cardeais que estão discutindo com Zelenski e com Putin — completou o presidente.
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Lula reiterou que o Brasil condenou a ocupação da Ucrânia pela Rússia em resoluções nas Nações Unidas. O País vem defendendo o cessar-fogo, o que se choca com a proposta das potências ocidentais aliadas da Ucrânia. Os Estados Unidos e a União Europeia exigem, ao lado dos ucranianos, a retirada imediata das tropas russas.
O petista disse que considera um problema o fato de Estados Unidos e União Europeia estarem completamente envolvidos na guerra, o que prejudica sua capacidade negociadora.
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Lula disse que “ninguém mais aceita uma nova guerra fria”, como a configuração polarizada entre EUA e China, e disse ter conversado sobre os aspectos da guerra com o presidente da Itália, Sergio Mattarella, e o Papa Francisco.
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— O jogo já não é mais o mesmo quando a guerra começou, tem outros ingredientes, porque tem muitas mortes e destruição. Na minha cabeça, a primeira coisa a fazer era convencê-los a parar a guerra e sentar para conversar e para dizer o seguinte ‘eu não abro mão disso ou daquilo’ até que a gente encontre um denominador comum. Isso leva tempo, mas quando o ser humano está disposto a fazer ele faz — afirmou Lula, durante entrevista coletiva antes de deixar a Itália rumo à França.
Lula foi questionado por jornalistas italianos se estava de acordo com as condições de paz propostas pela Ucrânia – a “fórmula da paz” de Zelenski – que prevê a retirada total das tropas russas e devolução do território ocupado, entre outros pontos. Ele respondeu a proposta equivale a uma rendição russa.
— Um acordo de paz não é uma rendição — respondeu Lula.
— No acordo de paz, os dois envolvidos têm que ceder em alguma coisa, senão não tem acordo. Se tem uma proposta em que alguém tem que ceder 100%, não é acordo, é imposição. E quem sabe o que é necessário para ter acordo são os ucranianos e os russos, não sou eu brasileiro, muito menos qualquer pessoa que não seja russa nem ucraniana — completou.
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Amorim na Cúpula da Paz
O presidente também informou que vai enviar seu assessor especial Celso Amorim a uma reunião convocada pela Ucrânia, em Copenhagen, Dinamarca. Ele seguirá para a reunião na sequência da viagem a Roma e Paris.
O governo Volodimir Zelenski convidou o Brasil, África do Sul, Índia e China, além dos países do G7, para discutir a organização de uma conferência de paz. Segundo Lula, Amorim conversou com os bispos envolvidos nas tentativas de mediação da paz empreendidas pelo Papa Francisco. O cardeal Matteo Zuppi já visitou Kiev e deve ser recebido em Moscou.
*Com informações do Estadão conteúdo
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