No primeiro debate eleitoral para o segundo turno, transmitido pela Band no domingo (16), um dos temas que ganhou destaque nacional foi o meio ambiente e a luta contra o desmatamento.
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Em certo momento, Jair Bolsonaro (PL) chegou a pedir para os telespectadores “darem um Google” nas taxas de desmatamento entre 2003 e 2006, anos do governo Lula (PT), e comparar com 2019 e 2022. O pedido ocorreu após receber a acusação de que o atual governo gosta de “brincar de desmatar” e de “abrir a cerca e derrubar árvores”, vinda de Lula.
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O pedido teve efeito: aproximadamente às 21h do domingo, o Google registrou um aumento repentino nas buscas pelo termo “desmatamento”, principalmente em Estados como Paraíba, Rio Grande do Norte, Rondônia, Pernambuco, Pará e Santa Catarina.
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Veja o gráfico sobre as pesquisas por “desmatamento” no Google

Em seu discurso, Bolsonaro prosseguiu dizendo que durante o governo Lula a área da floresta Amazônica desmatada foi o dobro que durante os últimos quatro anos. A informação é verdadeira, porém, desconsidera que durante o governo petista as taxas de desmatamento diminuíram ao longo dos anos, ao contrário do que ocorre no governo bolsonarista.
Quem acompanha e calcula o desmatamento na Floresta Amazônica é o Projeto Prodes, que é conduzido pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) e vinculado ao Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações. As taxas são baseadas nas áreas de desmatamento maiores que 6,25 hectares e estão disponíveis no site Terra Brasilis, inclusive com gráficos interativos também sobre o bioma do Cerrado.
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Segundo o projeto, durante os 8 anos de governo Lula, 125,4 mil km² foram desmatados na Floresta Amazônica, sendo 86,4 mil km² no primeiro mandato e 39 mil km² no segundo. Já no governo Bolsonaro, entre 2019 e 2021, o total desmatado foi de 34 mil km².
Lula assumiu o governo em 2003, após oito anos de Fernando Henrique Cardoso na Presidência. Naquele ano, a área desmatada chegou a 25,4 mil km², o que representa um crescimento de 17% em relação ao ano anterior. O pico de desmatamento do governo petista foi alcançado em 2004, com 27,8 mil km².
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Nos anos seguintes, a área destruída foi gradativamente diminuindo, chegando a 7 mil km² em 2010, ano em que Lula deixou o poder. Ao longo dos oito anos de governo, os números de desmatamento reduziram 67%. A menor taxa de desmatamento desde 1988 foi 4,6 mil km², registrada em 2012, durante o governo de Dilma Rousseff (PT).
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O atual presidente assumiu o governo após alguns anos de aumento nas taxas de desmatamento, herança dos anos finais do governo Dilma e do Michel Temer (PMDB). Em 2019, primeiro ano de governo Bolsonaro, a área destruída foi 10,1 mil km², um número 34% maior que o registrado um ano antes de assumir a presidência. Desde então, os números aumentaram 28%, chegando a 13 mil km² em 2021. O número é equivalente ao registrado no ano de 2008, com 12,9 mil km² desmatados.
Dados do Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia (Imazon) mostram que de janeiro a setembro de 2022, aproximadamente 9 mil km² foram desmatados.
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Para o professor colaborador do Programa de Pós-Graduação em Desastres Naturais da UFSC, Renato Ramos da Silva, a queda de desmatamento registrada durante os governos do PT são resultado do aumento de fiscalizações e multas na região da Floresta.
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— As curvas apontam que o governo Lula atuou para diminuir o desmatamento e o governo atual, o contrário. — diz o professor.
Ele afirma ainda que adotar medidas para impedir a invasão de terras indígenas e de reservas ambientais, fortalecer as ações do Ibama, além de estimular o reflorestamento, são medidas que o próximo governo, seja ele de Lula ou Bolsonaro, pode adotar para diminuir a área de desmatamento.

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