O presidente Luiz Inácio Lula da Silva mostrou-se nesta quarta-feira “mais cauteloso” do que seu colega boliviano, Evo Morales, e considerou que a América Latina deve dar uma oportunidade ao democrata Barack Obama para que desenhe sua política regional antes de adotar qualquer decisão sobre os EUA.

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Lula respondeu assim à proposta de Morales, que conclamou hoje os países da América Latina e o Caribe a retirarem os embaixadores dos Estados Unidos se “após um prazo” Barack Obama não suspender o embargo econômico a Cuba.

– Eu sou mais cauteloso do que Evo Morales – disse o presidente brasileiro em entrevista coletiva após o encerramento da 1ª Cúpula da América Latina e do Caribe.

– Temos que esperar que o presidente dos Estados Unidos assuma seu cargo (em 20 de janeiro), para ver qual será sua proposta de política para a América Latina. Devemos ter a prudência e democracia política para que assuma sua presidência e sua política para aprová-la ou criticá-la – insistiu.

Tratamento a Cuba

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Segundo o governante brasileiro, é preciso esperar o tratamento de Obama a Cuba e seguir sua estratégia em relação ao Oriente Médio, para ver se “haverá ou não mudanças na política internacional dos Estados Unidos”.

– Depois, vamos saber o que se passa com o muro que estão construindo no México – acrescentou Lula, que reiterou a conveniência de esperar os “sinais” da política de Obama e, depois, brincou, dizendo “que visite a Venezuela” ou “podemos convidá-lo a um encontro com a América Latina e do Caribe para discutir sua política internacional”.

Lula reconheceu ter “esperanças” de uma mudança na política de Washington porque, disse, “não é possível que os Estados Unidos não se dêem conta de que a América Latina mudou, acabou a luta armada e todos os que pensavam em chegar ao poder pela luta armada, salvo as Farc (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia), já chegaram ao poder”.

Crítica ao embargo

Lula criticou o embargo americano a Cuba – cujo líder, Raúl Castro, hospeda a partir da noite de hoje na residência presidencial de campo Granja do Torto, em Brasília – e opinou que “não tem nenhum sentido” e responde a uma atitude de “malcriados”.

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Morales também voltou a se referir a Cuba na entrevista coletiva presidencial conjunta, para insistir em que “a América Latina não deve abandonar Cuba”.

– Certamente esperaremos algum tempo para que se levante o bloqueio econômico a Cuba – expressou Morales, que assegurou que enquanto persista essa situação “seguirá crescendo a rebeldia (na América Latina) pelas imposições que vêm do governo dos Estados Unidos”.

O hondurenho Manuel Zelaya sustentou que “há uma mudança na política externa da América Latina” e advertiu que a região “não terá ‘duas caras’, uma defendendo Cuba no Grupo do Rio e outra não defendendo na OEA (Organização dos Estados Americanos). Agora temos uma mesma posição”, concluiu.

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