O presidente Luiz Inácio Lula da Silva e a chefe de Estado da Argentina, Cristina Kirchner, negaram nesta quinta-feira que haja uma contradição nas medidas aplicadas pelos dois países para proteger o comércio em meio à crise global.

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– Não há nenhuma contradição. A situação da crise internacional obriga todos os países a se defender – afirmou Lula durante uma coletiva de imprensa na sede do governo argentino, após uma reunião com Cristina.

No mesmo tom, a presidente argentina afirmou que “a crise obriga todos os países a tomar medidas que não têm a ver com o protecionismo, mas sim com dar respostas concretas a sua sociedade”.

– Eu acho que o protecionismo é uma coisa mais ampla que uma simples questão aduaneira – disse Cristina após a controvérsia gerada este ano entre empresários argentinos e brasileiros sobre o comércio bilateral, fortemente afetado nos últimos meses pela crise econômica global.

O problema começou em fevereiro passado, quando a Federação de Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) propôs a imposição de restrições a alguns produtos importados da Argentina, como represália à decisão do país vizinho de exigir novos termos para a importação de 800 produtos.

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– Uma desvalorização díspar, ou benefícios fiscais também constituem protecionismo de caráter fiscal. Não podemos nos fixar unicamente na alfândega quando falamos de protecionismo – enfatizou Cristina.

Pela primeira vez em 69 meses, a balança comercial com o Brasil deu, em março, um superávit à Argentina, como resultado de uma queda nos intercâmbios, que foi maior no caso das importações argentinas de produtos brasileiros.

Lula chegou ontem à noite a Buenos Aires junto a uma grande comitiva de funcionários para uma visita de menos de 24 horas que termina esta tarde, quando voltará a Brasília.