O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmou que as falas golpistas do presidente Jair Bolsonaro (PL) não têm apoio das Forças Armadas do Brasil e que não acredita na possibilidade de uma ruptura democrática no país.

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— Acho que ele [Bolsonaro] vai tentar fazer tudo que quer fazer e temos que ter em conta que os militares são mais responsáveis que o Bolsonaro. Convivi com eles e posso dizer que não tenho queixas do comportamento das Forças Armadas. Mantive oito anos de convivência da forma mais digna possível, não criaram problemas, ajudaram no que era possível ajudar — afirmou Lula.

O petista concedeu entrevista ao portal UOL nesta quarta-feira (27).

— As Forças Armadas não criam causo. Tenho certeza que as bobagens que o Bolsonaro fala não têm apoio do alto comando e dos militares da ativa. Não acredito em golpe, não acredito que as Forças Armadas aceitem isso e que a sociedade brasileira permita. Se ele começar a brincar com a democracia ele vai pagar um preço muito caro — continuou.

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O ex-presidente disse ainda que Bolsonaro, se tivesse inteligência ou bom senso, faria uma grande festa cívica pelos 200 anos de Independência do Brasil:

— Ele quer transformar os 200 anos em um ato dele, quer fazer motociata, que brincar com a data mais nobre que temos nesse país e é lamentável que seja assim.

Lula disse ser favorável a um civil no comando Ministério da Defesa, como fez em suas gestões. 

— Não será um militar, será alguém da sociedade civil — disse, para caso seja eleito em outubro. Sob Bolsonaro, militares do Exército têm sido escalados para o cargo.

O ex-presidente disse ainda que urna eletrônica não é uma questão para os militares. 

— Urnas são questão do Congresso, dos partidos, da Justiça Eleitoral e da sociedade civil — afirmou.

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Questionado sobre o atual papel do Supremo Tribunal Federal (STF), Lula disse os políticos “ajudaram a politizar o Judiciário”, com uma série de ações no tribunal. E cobrou a volta da “normalidade”, como já havia dito em outras entrevistas.

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Lula voltou a criticar o domínio pelo Congresso de boa parte do Orçamento, em especial por meio das chamadas emendas de relator.

— O presidente não tem força com o Congresso, é uma marionete — disse sobre Bolsonaro.

O petista disse que, se ganhar as eleições, promete conversar com todos os partidos em busca de uma espécie de pacto para governar o país, com parceria, para atacar a fome e o desemprego do país. 

— Não quero ser o dono da verdade, quero ser o maestro de uma orquestra — disse.

Sobre Arthur Lira, atual presidente da Câmara, Lula brincou sobre já dizerem que ele será reeleito para o comando da Casa em fevereiro de 2023. O petista disse que ainda é cedo para tratar disso e que buscará eleger uma ampla bancada do PT e de esquerda.

*Reportagem de Victoria Azevedo

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