O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva admitiu na noite desta segunda-feira que um presidente da República não pode levar a público tudo o que aconteceu durante sua gestão.

Continua depois da publicidade

– Nenhum presidente pode escrever um livro de verdade. Porque ele não pode contar tudo do que aconteceu no seu mandato presidencial. As conversas com outros chefes de estado, as reuniões ministeriais – disse Lula, afirmando que, por isso, não escreveria uma “biografia meia boca”.

– Eu não posso escrever um livro e não contar tudo. Seria uma biografia daquelas eu me amo e só tenho virtudes. Então resolvi não fazer – completou.

Segundo ele, o que está organizando é um livro com uma entrevista pessoal do petista e também de membros da sociedade brasileira. O ex-presidente fez o comentário durante lançamento do livro “10 anos de governos pós-neoliberais no Brasil: Lula e Dilma”, da Boitempo Editorial, organizado pelo cientista político Emir Sader e assumiu ainda não ter lido a obra, para a qual concedeu uma entrevista. Ele brincou, contudo, dizendo que tem “lido demais” depois que deixou a presidência e, principalmente, após o diagnóstico de um câncer, pois se preocupa em “chegar mais culto lá em cima”.

Lula criticou o que chama de “tentativa de transformá-lo em lobista” por parte da imprensa.

Continua depois da publicidade

– Tem um jornal agora que está tentando me transformar num lobista. Eu não sou lobista, não sou conferencista e não sou consultor, a única coisa que eu sou é um divulgador das coisas que eu fiz nesse governo.

E completou:

– As pessoas talvez fiquem preocupadas porque eu cobro caro e não falo quanto cobro. Mas se as pessoas pagam para ouvir um governante fracassado, têm que pagar bem. Se quiserem saber o quanto eu cobro me contratem.

Durante sua crítica à imprensa, Lula destacou os feitos econômicos dos governos petistas, como a geração de 22 milhões de empregos, mantendo inflação sob controle e redução da dívida pública. De acordo com ele, algum estrangeiro que chega ao país e lê as notícias dos jornais nacionais pode achar que “o país acabou”.

– Mas vamos supor que nós sejamos incompetentes (para conseguir os feitos conquistados) e ainda assim tenhamos sorte, pelo amor de deus, não vote em ninguém que não tenha sorte – ironizou.

Continua depois da publicidade