O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva negou ter pedido o afastamento do ministro da Fazenda, Joaquim Levy, à presidente Dilma Rousseff. Em entrevista a Mário Kertész, da Rádio Metrópole, de Salvador, Lula disse que tal movimento seria “desleal”. Ele também disse que não indicou o ex-presidente do Banco Central Henrique Meirelles para o cargo.

Continua depois da publicidade

– Eu não seria desleal com a Dilma, não seria desleal com o Levy e não seria desleal com o Meirelles. Eu não sou o presidente e não tenho o direito de indicar ninguém. Eu tenho o direito de torcer para que a presidenta Dilma escolha as pessoas mais corretas – disse, na entrevista realizada na manhã desta sexta-feira.

Em jantar com Dilma, Lula avalia que Levy tem “prazo de validade”

Kátia Abreu defende Levy e diz que ele faz o que “economista responsável faria”

Lula afirmou que, quando Levy foi indicado para o ministério, ele argumentou que era a “melhor notícia” que Dilma havia dado desde a vitória da reeleição.

Continua depois da publicidade

– Foi o primeiro momento que a imprensa falou com carinho de uma indicação da Dilma – destacou.

– E ele (Levy) tem a responsabilidade de fazer o ajuste, agora ele também não tem o controle do Congresso Nacional – ponderou.

Falcão diz que não se sentiu desautorizado por fala de Dilma, mas critica ajuste fiscal

Dilma diverge do PT e diz que Levy fica no Ministério da Fazenda

– Se a Dilma quiser ficar com Levy, ela fica; se quiser tirar, ela tira. Eu vou continuar apoiando, torcendo para o governo dar certo. Porque, se o governo não der certo, quem perde não é a Dilma, quem perde sou eu, é você, é o povo brasileiro – completou o ex-presidente.

Cunha

Lula negou qualquer tipo de acordo com o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), que evitasse a cassação do deputado em troca de não deixar passar processos de impeachment contra a presidente Dilma Rousseff, como veiculado na imprensa.

Continua depois da publicidade

– Não tem acordo, porque eu não tenho nem mandato para fazer acordo. O que eu tenho é liberdade para conversar com todo mundo – afirmou o ex-presidente.

Contrato da Petrobras quitou dívida da campanha de Lula em 2006, diz delator

Mesmo antes de ser lançado, diário de FHC já gera reações entre políticos

O ex-presidente defendeu o direito do peemedebista à defesa e disse que, se for culpado, vai pagar.

– O Eduardo Cunha tem que ter o direito de defesa que eu quero pra mim, pra Dilma, pra todo mundo. Ele tem que ter apenas o direito de se defender. E se ele for culpado, ele vai pagar como todo mundo tem que pagar nesse país -disse na entrevista.

Lula disse ainda que não quer afundar Cunha, mas pediu que ele coloque em votação as pautas de interesse para o governo e para o país.

– Enquanto ele for presidente da Câmara, ele vai determinar a pauta do Congresso Nacional e nós temos interesse em aprovar não só parte do ajuste, aprovar a CPMF, o orçamento, mas aprovar outras medidas que estão lá que são importantes – disse.

Continua depois da publicidade

Collor pressionou por compra de R$ 1 bilhão na BR Distribuidora, acusa delator

Delator diz que pediu ajuda a amigo de Lula por sua relação com Palocci

Impeachment

Com relação ao movimento favorável à saída da presidente Dilma do governo, Lula disse não haver razão para o impeachment, a não ser a “atitude irracional” daqueles que querem chegar ao poder sem esperar as próximas eleições. Ele afirmou ainda que as pessoas estão “tomando juízo” e que, por isso, avalia que a “conversa” de impeachment vai acabar logo.

– Não há nenhuma razão jurídica, nenhuma explicação a não ser a atitude irracional de querer fazer o impeachment da presidente. Não há um fato – disse.

O ex-presidente repetiu a argumentação de que a oposição não se conforma com a derrota nas urnas.

CPI da Petrobras retoma discussão sobre parecer final nesta tarde

Com delação de Baiano, Lava-Jato fecha cerco a entorno de Lula

– Eu nunca acreditei que vai ter impeachment, porque seria uma coisa tão irracional, de tanta instabilidade pra esse país. Imagina que todo mundo que ganha as eleições, no dia seguinte a oposição vai estar nas ruas pedindo impeachment? – questionou

*Estadão Conteúdo