O presidente Luiz Inácio Lula da Silva pretende reunir ainda nesta semana o Conselho Político do governo – provavelmente na quarta-feira, logo depois de seu retorno do Uruguai, para onde vai nesta segunda-feira à noite – para pôr um pouco de ordem na base aliada. A derrota na semana passada da emenda constitucional que prorrogava a CPMF explicitou o descompasso entre o Palácio do Planalto e o Senado, quando a oposição se fortaleceu com a ajuda de sete senadores infiéis, e deixou a base do governo atarantada.
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“Tem muita gente batendo a cabeça”, comentou um auxiliar do presidente, ao destacar a falta de rumo dos parlamentares governistas e ministros. Um exemplo recente de falta de sintonia – de acordo com o assessor – foi a declaração do ministro da Fazenda, Guido Mantega, de que o governo estaria disposto a reeditar a CPMF, destinada agora exclusivamente para a saúde, por intermédio de uma medida provisória. Além do presidente Lula, senadores do governo e de oposição reagiram de pronto ao tomarem conhecimento da idéia manifestada por Mantega.
O líder do governo no Senado, Romero Jucá (PMDB-RR), afirmou que qualquer medida para compensar perdas financeiras causadas pelo fim da CPMF tem de ser discutida no Conselho Político. Ele chamou a atenção de Mantega:
– O ministro da Fazenda tem a obrigação de estudar cenários e propor alternativas com base em estudos técnicos. Mas, depois, há a posição do presidente Lula e a construção da viabilidade política das iniciativas.
Jucá lembrou que no Congresso, quem não negocia, perde. Seguindo na mesma linha do presidente Lula, pediu calma a todas as partes envolvidas no processo que deu fim à CPMF. Na quarta ou na quinta será votado o segundo turno da emenda constitucional que prorroga a Desvinculação de Receitas da União (DRU), o que permitirá ao governo movimentar cerca de R$ 84 bilhões do Orçamento sem qualquer vinculação a programas específicos. Essa emenda contou com o apoio de parte da oposição durante o primeiro turno, o que deve se repetir nesta semana. Os oposicionistas deram 15 votos pela aprovação da DRU.
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