O encontro entre o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e o presidente da Venezuela Nicolás Maduro foi classificado como “momento histórico” pelo petista. Os dois se reuniram nesta segunda-feira (29) no Palácio do Planalto, em Brasília. O venezuelano não visitava o Brasil desde 2015. As informações são do g1.
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— É um prazer te receber aqui outra vez. É difícil conceber que tenham passado tantos anos sem que mantivessem diálogos com a autoridade de um país amazônico e vizinho, com quem compartilhamos uma extensa fronteira de 2.200 km — disse Lula em discurso após a reunião.
— Penso que esse novo tempo que estamos marcando agora não vai superar todos os obstáculos que você tem sofrido ao longo desses anos. Briguei muito com companheiros social-democratas europeus, com governos, com pessoas dos Estados Unidos. Achava a coisa mais absurda do mundo, para as pessoas que defendem democracia, negarem que você era presidente da Venezuela, tendo sido eleito pelo povo. E o cidadão que foi eleito para ser deputado ser reconhecido como presidente — continuou.
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O “cidadão” citado pelo brasileiro é o autointitulado presidente da Venezuela Juan Gauidó. Ele era reconhecido como presidente do país pelo ex-presidente Jair Bolsonaro, por Donald Trump e outros líderes de direita do continente americano.
Oposicionistas criticaram a aproximação entre o Brasil e o governo venezuelano. Eles argumentam que a Venezuela é uma ditadura e que Maduro enfraqueceu as instituições democráticas do país.
— O preconceito continua, ainda. O preconceito contra a Venezuela é muito grande. Quantas críticas a gente sofreu aqui durante a campanha por ser amigo da Venezuela. Havia discursos e mais discursos, os adversários diziam ‘Se o Lula ganhar as eleições, o Brasil vai virar uma Venezuela, uma Argentina, uma Cuba’, quando o nosso sonho era que o Brasil fosse o Brasil mesmo, melhor — pontuou Lula.
O presidente disse, ainda, que sabe das dificuldades na relação da Venezuela com o Brasil e o resto do mundo, citando como exemplos a dívida externa e o combate ao narcotráfico. Porém, afirmou que o governo buscará uma “integração plena” entre os dois países.
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—Sabemos das dificuldades que nós temos, da quantidade de empresas que já estão na Venezuela e querem voltar para a Venezuela. Sabemos da dívida da Venezuela, e sabemos que tudo isso faz parte, e vai fazer parte de um acordo que a gente faça para que a nossa integração seja plena — declarou.
“Relação virtuosa”, diz Maduro
O presidente Nicolás Maduro também discursou após o encontro Ele manifestou a intenção de aprofundar as relações entre o Brasil e Venezuela e disse que o país vizinho está de “portas abertas” e “com plenas garantias” para o empresariado brasileiro.
O país enfrenta há mais de uma década uma crise econômica, motivada por oscilações no preço internacional do petróleo e agravada por disputas ideológicas com Estados Unidos e outros parceiros comerciais.
—Estamos preparados para que retomemos as relações virtuosas com os empresários brasileiros. a Venezuela está de portas abertas, com plenas garantias para todo o empresariado para que voltemos ao trabalho conjunto. Acredito ser muito positivo. Nós amamos a história do povo brasileiro, a força e alegria espiritual. Que nunca mais ninguém feche a porta. Brasil e Venezuela tem que estar unidos, daqui para frente e para sempre — disse.
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Cúpula do Sul
O presidente venezuelano está no Brasil para participar da cúpula de líderes da América do Sul, que começa nesta terça-feira (30). Ele chegou ao Planalto por volta das 10h30. Acompanhado da esposa, ele subiu a rampa do Palácio, onde foi recepcionado por Lula e pela primeira-dama, Janja.
Os dois tiveram uma reunião reservada e, na sequência, um encontro ampliado, com outros integrantes da comitiva venezuelana e do governo brasileiro.
Maduro e Lula assinaram memorando de entendimento na área agrícola, além de um mecanismo de supervisão da cooperação bilateral.
Os dois países tiveram as relações rompidas pelo governo do ex-presidente Jair Bolsonaro. Ainda em 2019, após assumir, Bolsonaro deixou de reconhecer Maduro como presidente venezuelano, aceitando Juan Guaidó como interino.
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A relação foi retomada apenas em janeiro desse ano após Lula assumir a presidência, quando o Brasil estabeleceu representação diplomática para atuar na embaixada brasileira em Caracas.
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