O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) pediu nesta quinta-feira (21) que jovens tirem seu título de eleitor e também acenou aos evangélicos durante evento em Heliópolis, na capital paulista, num momento em que sua pré-campanha enfrenta uma crise de comunicação e vaivém de narrativas.

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Em suas críticas a Jair Bolsonaro (PL), Lula se dirigiu ao segmento religioso que é próximo ao atual presidente da República e no qual houve desgaste do petista depois de declarações recentes sobre aborto.

— Ele é estimulador do ódio e da discórdia, uma pessoa que não prega nenhum sentimento de paz e vive enganando muita gente boa da igreja evangélica — disse. — O Brasil nunca teve um presidente tão desqualificado moralmente. Um cara que não fala em emprego e educação — completou.

Líderes petistas também estiveram presentes, mas se esquivaram de comentar sobre a disputa pública pelo comando da comunicação. Questionada, a presidente do PT, Gleisi Hoffmann, não quis responder a perguntas da imprensa sobre a crise.

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Dirigentes do PT pressionam pela saída do ex-ministro Franklin Martins, coordenador da área, e do marqueteiro escolhido por ele, Augusto Fonseca.

Além disso, a pré-campanha tem sofrido críticas internamente pela falta de uma unidade na disseminação de ideias e pautas –e o vaivém nas declarações de Lula.

Dois exemplos mais recentes foram as declarações sobre o aborto e a reforma trabalhista.

No primeiro caso, considerado sensível ao eleitorado religioso, o petista afirmou que o aborto deveria ser um “direito de todo mundo”, fornecendo munição para seus adversários. No dia seguinte, Lula contornou as declarações, se posicionou pessoalmente contra o aborto e defendeu o tratamento para mulheres que realizarem o procedimento na rede pública de saúde.

Nesta quinta, Lula fez um discurso motivador, dizendo aos jovens que eles devem ter uma causa e criticando a despolitização. 

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— Todo político é ladrão, ótimo. Por que você não se transforma na boa vereadora? — questionou.

Também afirmou que todos aqueles que conhecem um adolescente maior de 16 anos devem aconselhar: “Não entre na do Bolsonaro, você não tem que comprar fuzil”.

O ex-presidente incentivou a votação dos jovens e afirmou que o eleitor precisa se informar para não votar “de forma equivocada”. Nesse momento, citou o ex-deputado Arthur do Val (União Brasil), o Mamãe Falei, que renunciou nesta quarta (20), após ser alvo de um processo de cassação por falas sexistas.

— Vocês podem sempre estar colocando uma raposa para tomar conta das galinhas — disse. Ele mencionou ainda a eleição de João Doria (PSDB) em 2016, quando Haddad concorria à reeleição na Prefeitura de São Paulo.

— Uma pessoa que não tem nem passado, nem presente e certamente não tem futuro político — afirmou a respeito do tucano.

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— Tirar o título é vocês provarem que estão qualificados, não apenas para escolher quem governa, mas para decidir a vida de vocês — disse Lula aos adolescentes.

O evento em Heliópolis mirou a juventude. O público tem sido alvo de bolsonaristas e de artistas da esquerda, engajados na campanha para que os jovens tirem título de eleitor e participem da eleição neste ano. “Bora votar, quebrada”, dizia um cartaz na quadra que abrigou o evento.

Os jovens na quadra também seguravam folhas de papel imitando o título de eleitor com os dizeres “seu voto importa” e o prazo para emissão do título, 4 de maio. Antes de Lula, uma série de jovens de Heliópolis discursou e exaltou o ex-presidente.

Lula estava acompanhado do ex-prefeito Fernando Haddad (PT), pré-candidato ao Governo de São Paulo. Também estavam o ex-ministro Aloizio Mercadante, o vereador Eduardo Suplicy (PT), a deputada estadual professora Bebel (PT), além da noiva de Lula, Janja.

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Em seu discurso, Haddad exaltou a educação, afirmando que uma “revolução silenciosa” está em curso por meio de políticas como o Enem e o Sisu, e fez elogios ao bairro de Heliópolis, pela organização popular de base.

Gleisi, por sua vez, incentivou a campanha para que jovens votem. “O voto é a nossa arma, não é a arma da violência, da destruição, do ódio, mas da construção, da esperança e da mudança”, disse.

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