Ao lado dos taitianos, os pernambucanos alertaram os uruguaios depois do quinto gol. Cantaram alto nas cadeiras da Arena Pernambucana. O grito cresceu em volume depois do sexto gol, o quarto do canhoto Abel Hernández. Ecoou no estádio de R$ 530 milhões.
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– Ô Uruguai, pode esperar, a tua hora vai chegar.
A Celeste enfrenta o Brasil, quarta-feira, em Belo Horizonte. O confronto era esperado. A pequena e vibrante torcida uruguaia só falava no Brasil antes das 16h, copos de cerveja nas mãos.
– Será 6 a 0 – disse um senhor de cabelos brancos, vestido todo de azul.
Errou por um. Foi sete. O Taiti levou 24 gols em três jogos. Marcou um. Se despediu da Arena com uma faixa: “Obrigado Brasil”. O alto falante do estádio berrava Tim Maia.
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Com 1m19seg, já estava 1 a 0, o primeiro de Hernández. Com 30 segundos, a torcida local gritava olé na posse de bola da seleção da Oceania. Pura diversão dos fãs dos estrangeiros que vivem numa ilha paradisíaca. Quando Meriel defendeu um pênalti aos 4 minutos do segundo tempo, o zagueiro Scotti abriu o livro de recordes no futebol. Um minuto depois de falhar na cobrança, o veterano zagueiro foi expulso. A torcida vibrou como se tivesse vencido uma Copa do Mundo.
– Taiti, Taiti, Taiti.
Sabia que o Uruguai será outro no Mineirão. A terceira rodada da Copa das Confederações viu os reservas em campo, um time que usou camisetas oficiais azuis para enfrentar uma seleção que não seria chamada nem em um treino de verdade.
O Uruguai contra o Brasil será o time que enfrentou a Espanha, e perdeu, que pegou a Nigéria, que venceu, mas jogou mal. É um time que está na zona da repescagem das Eliminatórias Sul-Americanas. Parece uma equipe envelhecida, sem os recursos que exibiu na Copa do Mundo de 2010 e na Copa América de 2012.
Os problemas começam com Lugano. Fora de forma não lembra mais o exuberante ex-zagueiro do São Paulo da década passada. Vive na reserva do Málaga. Seu companheiro Diego Godin também não atravessa boa fase. O goleiro Muslera sofre com a defesa irregular.
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Faltam homens qualificados no meio-campo, na armação das jogadas e mesmo no combate aos adversários. O Uruguai só não levou gol dos semiamadores do Taiti no torneio. Parece que o time joga com três setores estanques, defesa divorciada do meio que, por sua vez, está longe do ataque.
O ponto forte dos vizinhos do extremo sul é o ataque. Cavani e Suárez, que jogou alguns minutos neste domingo e fez gol, e Forlán. Os dois primeiros são goleadores na Europa. Cobiçados por grandes equipes. Podem valer juntos quase R$ 200 milhões. Mas sofrem com a má assistência, não recebem cruzamentos ou o apoio dos meias. Ficam até irritados porque a bola raramente chega em condições da conclusão.
O treinador Oscár Tabárez pode começar com Forlán no banco, como fez contra a Espanha (1 a 2), o que torna o time mais defensivo. Ele não arriscaria enfrentar o Brasil com três atacantes. Nem no histórico Centenário, casa da primeira Copa do Mundo, ele agiria assim. Imagina no Brasil. Forlán pode ser o jogador decisivo no segundo tempo. Ele é o que mais chuta, que não tem medo de arriscar de fora da área.
O Uruguai será cauteloso, ao menos no começo.