Após a reunião que discutiu o futuro político da aliança que governa o Estado, o governador seguiu em seu gabinete as agendas normais de audiências. Na assinatura de uma ordem de serviço para a construção da ponte sobre o canal da Barra da Lagoa, em Florianópolis, a reportagem do Diário Catarinense procurou Colombo e conversou sobre os encaminhamentos que foram dados no encontro com Luiz Henrique e Jorge Bornhausen.
Continua depois da publicidade
Diário Catarinense – Como o senhor recebeu essa espécie de veto ao PP, com veemência, feito pelo senador LHS?
Raimundo Colombo – Ele relatou que na caminhada que ele fez pelo Estado, na defesa da tese da aliança, ele encontrou muitos companheiros e esse acabou sendo um tema interno do movimento. E ele me relatou isso como uma dificuldade. Isso ele realmente registrou. Eu pedi que gostaria de apresentar esses argumentos todos. A gente conhece o Luiz Henrique. Ele é um homem do bem e ele nunca vetou ninguém ao longo de sua caminhada política. Agora, ele também é franco: colocou as dificuldades. Agora a gente vai ter que trabalhar com isso para achar o melhor caminho, para uma aliança e para Santa Catarina.
DC – Depois da conversa de hoje de manhã, a sua chapa ideal continua a mesma? Seria Eduardo Pinho Moreira (PMDB) como candidato a vice e Joares Ponticelli (PP) ao Senado, de acordo com entrevista à rádio CBN no final do anos passado?
Continua depois da publicidade
Colombo – A minha intenção é trabalhar, visitar todos os partidos, para apresentar os nossos desafios de gestão, desafios do Estado brasileiro. O nosso é um dos que tem as melhores situações, mas teremos que tratar temas que vão influenciar muito o futuro de Santa Catarina, como, por exemplo, a previdência para futuros funcionários, a legislação para os funcionários que virão a ser contratados. A solução de temas importantes como precatórios, o STF encurtou o prazo e vai tirar a capacidade de investimento forte. Nós temos problemas que precisam de um grande entendimento. E o que eu proponho é um pacto político para que a gente possa juntos fazer aquilo que será uma contribuição para futuras gerações.
DC – Mas isso envolve quais partidos na aliança?
Colombo – A partir daí eu vou visitar todos os partidos e procurar construir com eles esse compromisso. Não há vetos. Evidente que existem dificuldades, mas quem conhece o senador sabe que ele nunca vetou. Ele reafirmou isso para mim. Mas ele contou que existem dificuldades que agora é nosso trabalho procurar superar todas elas e é o que eu vou fazer a partir de agora.
DC – Aí incluído o PP?
Colombo – Incluído o PP.
DC – E talvez o PSDB?
Colombo – Talvez o PSDB também. Tem o PR. Eu vou começar conversando com o PMDB no dia 19. Vou no diretório apresentar todos esses argumentos e agradecer pela decisão (das pré-convenção). Depois vou visitar o PSD, o PP, o PSDB, o PR, o PTB, o PV e todos os partidos que estão na nossa coligação ou podem ter interesse em estar.
Continua depois da publicidade
DC – A ideia é ter os maiores partidos para construir um consenso e conseguir fazer quatro anos de reformas?
Colombo – Essa é minha proposta. Eu quero apresentar tudo que nós possamos fazer, as dificuldades que virão e pedir um compromisso de Santa Catarina. A minha ideia é que isso represente quase que um resgate da classe política para que a gente trate de temas essências para a sociedade e que tenham reflexo no futuro. Por exemplo, em 2013 os inativos custaram R$ 3,1 bilhões ao Estado. A contribuição foi R$ 800 milhões. Temos um déficit de R$ 2,3 bilhões e isso vai piorar. Isso não tem como mudar agora. Mas poderemos fazer uma legislação para que aqueles que ingressarem no serviço público a partir de 2015 tenham um novo modelo de previdência. Isso não tem como sobreviver. E vai acabar punindo os que hoje já estão. Esse é um tema que precisa de grande apoio político. A mesma coisa para a questão dos precatórios, que vão se acumular e o prazo para pagar agora é muito menor.
DC – Mas, ao mesmo tempo, essas mega-alianças são um empecilho pela quantidade de interesses políticos envolvidos.
Continua depois da publicidade
Colombo – Eu vou mostrar claramente que existe a necessidade de fazer uma reforma administrativa no Estado, com redução da sua estrutura. E todos terão que colaborar que há a necessidade de reduzir. Eu vou levar, com estudos técnicos profundos, a necessidade de se diminuir algumas estruturas de governo. Vou apresentar isso nos partidos.
DC – Mas a ideia era fazer nesse mandato, governador.
Colombo – A ideia era fazer, mas você tem tantas pendências jurídicas que, se você não fizer bem feito isso vira uma coisa negativa lá na frente.
DC – Por que a presença do ex-senador Jorge Bornhausen na reunião?
Colombo – Eu há muito tempo converso com pessoas que eu gosto de ouvir, que tem experiência e que tem sabedoria. É meu estilo de fazer. Eu acho que é muito fácil você errar quando você não tem a humildade de ouvir as pessoas para procurar achar o melhor caminho. Essas reuniões sempre acontecem. É que dessa vez teve maior visibilidade pela repercussão e pela proximidade do processo eleitoral. Mas a gente as faz seguidamente. Eu ouço também outras pessoas. E o Jorge é um grande amigo. A mesma coisa o senador Luiz Henrique. Quanto às questões da aliança, se você olhar em 2006 nós tínhamos os mesmos conflitos, em 2002 os mesmos conflitos e há trinta anos as mesmas situações. A política é isso. Vou levar argumentos e dados para que a gente possa provocar um sentimento de união.
Continua depois da publicidade
DC – E como encaixar? O presidente do PSB no Estado, Paulo Bornhausen, por exemplo, declarou que deve apoiar o senhor, mas ao mesmo tempo não estará coligado e tem a Rede dentro de sua estrutura.
Colombo – O quadro pluripartidário brasileiro é tal em que todas eleições é essa situação. Você não tem mais uma verticalidade partidária em todos os estados, um quadro bastante adverso e de muitas instabilidade internas. A gente tem que conviver com todos eles. Eu sei que tem pessoas que preferem a corrente A ou a corrente B e a gente vai respeitar e apresentar os argumentos do meu posicionamento.
DC – O que ocorreu durante a conversa que levou o vice-governador a ser chamado?
Colombo – Eu pedi para ele participar para relatarmos o que estávamos conversando. E também já fazermos essa programação da visita aos partidos e, além de vice-governador, ele é presidente do PMDB. A primeira seria exatamente com o PMDB.
Continua depois da publicidade
DC – Trabalhar para acalmar ânimos, por panos quentes e esperar que as peças se encaixem, um pouco como aconteceu em 2010?
Colombo – Eu acho que tratar desses assuntos administrativos, das dificuldades que a gente tem dentro do governo é quase uma obrigação que se impõe para quem está se colocando à disposição para ir para uma reeleição. Existem novos fatos, uma nova realidade. E a gente tem informações que a sociedade não tem. É importante que a gente leve esses dados para o debate. Se não, você cria uma expectativa que depois você tem que fazer a gestão da expectativa. Porque ela fica muito além da capacidade que o Estado tem. Isso aconteceu com todas as prefeituras, com todos o governadores e com a presidente da República.
DC – E sobre as animosidades?
Colombo – Eu considero natural essas coisas e próprias do momento que nós vamos viver. As convenções serão em junho e elas vão provocar uma série de ajustes que a gente precisa construir.
Continua depois da publicidade
DC – O senhor declarou um apoio pessoal à presidente Dilma Rousseff (PT). A pergunta é se esse apoio será só seu, de gratidão, ou se será lá na frente um apoio de toda a aliança?
Colombo – O meu apoio pessoal eu já declarei e confirmo. Mas eu não impor para outros partidos que tem outros candidatos a presidente da República ou que estejam na aliança uma vontade minha. Mas eu reafirmo minha posição de gratidão e de postura de apoio a ela. Agora evidentemente que eu não posso impor aos outros.
DC – Deve ser uma chapa neutra em relação ao apoio, no santinho, por exemplo, para quem disputará a presidência?
Continua depois da publicidade
Colombo – O PSB, por exemplo, vai trabalhar para o seu candidato. Eu sei disso e não tenho nada ao contrário. Tenho que conviver com essa realidade.