O técnico Luiz Felipe Scolari mostra confiança e disse que a Seleção Brasileira está pronta para conquistar a Copa do Mundo. Ao menos foi o que ele evidenciou na entrevista concedida à Fifa, divulgada nesta terça-feira. Além de falar sobre os adversários do Brasil e da preparação do país para o Mundial, Felipão afirmou que perder a Copa em casa não deve ser considerado um fracasso. Confira a entrevista:

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Fifa: Faltam apenas cem dias para o início da Copa do Mundo. O Brasil está preparado para conquistar o título?

Luiz Felipe Scolari: O Brasil, dentro do planejamento que fizemos pra Copa do Mundo, está pronto. Tudo organizado, tudo definido, tudo bem planejado. É só seguir isso que a gente organizou que provavelmente vai dar tudo certo.

Fifa: Qualquer resultado diferente de uma vitória na final seria visto pelo público brasileiro como um fracasso. Você também pensa dessa forma?

Felipão: Não é a minha visão, penso de maneira totalmente diferente. Já tenho algumas experiências, vivenciei algumas situações em que, mesmo não sendo campeão, vice ou terceiro lugar, dependendo da forma como as equipes se comportam, elas foram bem recebidas pelo torcedor. Naturalmente que, quando se entra numa competição mundial, com o status que tem o Brasil, ninguém espera algo a não ser o título mundial. Se nós não conseguirmos é porque teve gente melhor que nós.

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Fifa: O fato de jogar em casa aumenta a pressão sobre o grupo?

Felipão: A expectativa se torna maior porque é a segunda Copa no Brasil, e temos uma oportunidade que tivemos na primeira e não conseguimos. Mas temos também outros grandes oponentes que têm os mesmos objetivos.

Fifa: Você já disputou uma grande competição internacional em casa com Portugal em 2004, quando foi derrotado pela Grécia na final da Euro. Que ensinamentos tirou dessa derrota?

Felipão: Isso auxilia, nos dá um pouco mais de visão de como trabalharmos uma final, de como um país, quando chega a uma final na sua casa, tem que organizar e trabalhar para chegar ao objetivo final. De como podemos usufruir jogarmos em casa. E quando a gente não consegue, o sofrimento é muito maior. Mas nos dá, sim, uma experiência para trabalharmos com os nossos atletas.

Fifa: Qual a sua visão sobre as seleções do México, Camarões e Croácia, seus adversários na primeira fase?

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Felipão: A Croácia é um time que joga um futebol bem jogado, bem trabalhado. É um futebol muito parecido com o futebol sul-americano, que trabalha bem a bola. É uma equipe que não é adepta do futebol um pouco mais parecido com o futebol inglês de antigamente; eles são muito técnicos e jogam dentro daquele padrão. Já Camarões é uma equipe africana de boa qualidade técnica, e que muitas vezes a gente espera uma coisa e acontece outra, ou a gente não espera nada e acontece. É uma incógnita. E o México é um dos nossos adversários tradicionais. Jogam um futebol bem jogado, de qualidade. Já tem tradição contra o Brasil e sempre é uma dificuldade.

Fifa: Você também já trabalhou nos países árabes e conhece o futebol mundial como ninguém. Acredita que alguma seleção asiática ou africana pode ser a surpresa deste Mundial?

Felipão: Surpresa, sim. Serem campeãs é muito difícil, porque as seleções tradicionais hoje ainda têm muito mais possibilidades. Já têm tradição, jogam de uma forma mais compacta, são seleções que têm um currículo maior, têm mais jogadores à disposição. Geralmente, nesse tipo de competição, essas equipes têm maiores possibilidades.

Fifa: Você treina justamente uma dessas seleções de tradição. Como você a utiliza para motivar seus jogadores?

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Felipão: A gente utiliza mostrando aquilo que já foi feito e pode ser feito e dentro das condições de cada um, do que eles podem almejar em seu currículo e no de sua seleção. Mostramos de que forma foram conseguidos os títulos pelo Brasil. Com dedicação, com espírito, com qualidade. E a gente vai dando a confiança que eles necessitam para por em pratica seu futebol, que é excelente.

Fifa: Em 2002, quando o Brasil conquistou a Copa do Mundo, você contava com jogadores excepcionais como Cafu, Roberto Carlos, Rivaldo, Ronaldinho Gaúcho e Ronaldo. Esta nova geração é tão forte quanto a anterior?

Felipão: A gente não pode comparar só talento, porque aquela seleção de 2002 tinha mais experiência. Esse grupo de hoje tem jovialidade, tem dinâmica. E, quem sabe, naquela oportunidade experiência era importante, mas neste momento, a dinâmica e a jovialidade podem ser mais importantes que o talento puro.

Fifa: Com o torneio cada vez mais próximo, fala-se muito dos problemas de organização, dos atrasos nos estádios e dos entreveros políticos. Isso te afeta em algum nível?

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Felipão: Não. Eu faço com que não influa, porque isso não nos diz respeito. Isso nos diz respeito como pessoas, como cidadãos, como brasileiros. Mas nós temos que saber diferenciar, saber passar isso aos nossos jogadores para que eles diferenciem e se concentrem naquilo que eles têm que fazer, que é em campo.

Fifa: O que você estará fazendo às 16 horas do próximo dia 13 de julho?

Felipão: Bem, sei que 13 de julho é a final. Então, se começa às 16h, eu estou lá me preparando em campo. Já cantei o hino nacional com alegria, fervor e dinamismo, assim como espero que meus jogadores e o público também. E esperando que nós todos no Brasil possamos jogar uma final e ganhar.