Para desmistificar o tema, o NSC Total conversou com representantes de movimentos sociais que explicaram a importância do conceito.
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A coordenadora regional da Rede Estadual de Afroempreendedorismo em Santa Catarina, Giselle Marques ressalta que antes de haver o diálogo sobre opressões de gênero, raça ou classe, é necessária uma “escuta silenciosa”.
— O lugar de fala traz, na sua essência, a consciência do papel do indivíduo nas lutas, criando uma lucidez de quando você é o protagonista ou coadjuvante no cenário de discussão. Não há silenciamento de vozes, na verdade é justamente nesse ponto que queremos avançar. Traz uma liberdade para cada grupo se reconhecer e entender em qual espaço se encontra conforme o processo de organização e falar com propriedade a partir dele.

Para Lirous K’yo Fonseca Ávila, transexual e militante, local de fala é uma das conquistas dos movimentos sociais e que vêm para somar na liberdade de expressão de grupos oprimidos pela sociedade.
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— A importância do local de fala é que pela primeira vez estão dando oportunidade para aquelas pessoas que vivenciam esses cotidianos, que vivenciam as opressões todos os dias, que têm na própria pele a experiência, possam passar essa informação a partir da suas vivências, e não necessariamente a partir de estudos, ou de uma leitura, ou de ponto de vista de qualquer outro profissional, como um antropólogo, psicólogo, cientista social ou alguém que estudou um caso. O local de fala é rico nisso, porque ele não está dentro de um livro, ele está no que eu carrego todo dia, na violência que eu sofro.

Ativista em movimentos como feminismo e veganismo, Nady Petit reforça que a ideia é dar voz a quem precisa para que a sociedade possa chegar a uma posição igualitária.
— Os diálogos estão mudando, ainda mais na era da internet. Antigamente o homem branco era o dono de diversas vozes na nossa sociedade, enquanto hoje o lugar de fala se aplica dentro de debates em movimentos sociais. E aplicar o lugar de fala dentro desses rolês garante a própria representatividade. Cada indivíduo é protagonista da sua própria história, da sua luta. A importância desse conceito nada mais é do que dar espaço e voz pra quem vive e sente a dor do preconceito, abuso ou racismo.
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