Os baixinhos terão vez no Facebook. A rede social de mais de 845 milhões de usuários ativos faz planos para autorizar o acesso para menores de 13 anos, desde que as contas sejam vinculadas aos perfis dos pais.

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A proposta reabre mais uma discussão sobre as redes sociais como ferramenta de educação e convívio na sociedade atual, dominada pela tecnologia da informação.

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A iniciativa do Facebook está ligada a questões comerciais. O site foi aberto para universitários, migrou para o ensino médio e agora corre atrás de uma nova parcela de usuários para gerar maior receita.

Além disso, quer corrigir uma distorção dos termos de segurança, violados por 7,5 milhões de crianças americanas menores de 13 anos, que já possuem contas, de acordo com pesquisa da consultoria americana Consumer Reports.

Lá nos EUA já existe, inclusive, uma idade mínima legal _ 13 anos _ estipulada pelo Congresso. Aqui no Brasil, não há nenhum tipo de legislação específica para tratar do assunto.

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Em tempos de inovação, a proposta seria bem-vinda, mas a infinidade de possibilidades que se tem ao navegar na internet preocupa os especialistas. Doutoranda em Psicologia Educacional pela Unicamp (SP), a pedagoga Adriana Ramos reconhece a importância das redes sociais, mas ressalta que as crianças são indefesas até os 12 anos de idade.

– Elas não sabem distinguir entre o que é bom ou ruim. Por isso, os pais devem cuidar também da dimensão ética, não apenas da dimensão legal.

Interagir com perfis

falsos é um risco

O consultor em segurança na área de informação Rogério Meirelles explica que a proposta do Facebook é a de criar uma rede exclusiva para crianças, o que seria “um prato cheio para os pedófilos”.

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Agente da Polícia Federal aposentado, Meirelles investigou crimes de pedofilia no Brasil e na Itália e garante não haver mecanismos capazes de impedir um pedófilo de criar um perfil falso nesta futura rede.

– Eles (os criminosos) se alimentam dessas informações, pois há uma movimentação financeira fantástica por trás disso, algo que chamamos de Underground Economy (economia no submundo).

O temor do contato de pedófilos já foi identificado em pesquisa nos EUA com pais que controlam os cliques dos filhos na rede. Mais da metade (56%) dos pais de mil crianças menores de 18 anos usuárias do Facebook declarou esse temor.

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O percentual é superior a da preocupação com o bullying virtual (41%). Para Rogério, mesmo com vinculação da conta, será muito difícil exercer um controle eficaz.

– O adolescente já tem mais conhecimento da internet do que os pais que não têm tempo para controlar a própria rede. Quando surgiu a primeira rede social era comum o menor ter duas contas, uma delas secreta – explica.