Na descida da escada do primeiro andar do Mar Hotel, onde fica a sala das entrevistas coletivas dos jogadores uruguaios, encontro Diego Lugano. Camisa azul, calção preto, chinelos confortáveis, ele conversa com um amigo, escorado no enorme balcão do lobby que oferece uma visão completa da enorme piscina, uma tentação nos 27°C da capital pernambucana.

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Apresento-me.

– Meu nome é Luiz Zini Pires, trabalho no jornal Zero Hora, em Porto Alegre.

O capitão da Celeste estende a mão e diz, em tom de brincadeira. Parece simpático e acessível.

– Prazer, sou Diego Lugano, do Uruguai (risos).

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Me olha e aponta para outra pessoa, que está ao seu lado no lobby do hotel.

– Vê este cara aqui?

– Sim – eu digo.

– Ele é brasileiro, mas fala espanhol como um portenho, um argentino. Assim não dá, não aguento – Lugano, jogador do Málaga, da Espanha, ri.

A rivalidade entre uruguaios e argentinos permanece palpável até mesmo em Recife, na véspera de Espanha e Uruguai pela Copa das Confederações, torneio que a Argentina não está em campo, só na TV. Eu pergunto:

– É verdade que você foi sondado pelo Grêmio? Em Porto Alegre se falou muito no assunto meses atrás.

Ele me olha, mira o amigo, coloca a mão direita no ouvido e fala em português, que aprendeu nos seus tempos de São Paulo, entre 2002 e 2006:

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– Eu ouvi qualquer coisa, ouvi.

E complementa.

– Mas não tem nada, não. Nada mesmo.

Eu insisto.

– Não vou falar mais, se falar, você escreve tudo, não é mesmo?

– Sim, escrevo.

Lugano despede-se, pega o elevador e desaparece.

Na entrevista coletiva, sexta-feira, ele disse que está bem na Espanha. Ele, a esposa e os três filhos não pensam em voltar ao Brasil. Não hoje. Mas a janela de negociações entre a Europa e o Brasil abre em agosto.