Um assessor de imprensa fez ar solene, pegou o microfone e anunciou:
– Com vocês, o capitão da seleção uruguaia, Diego Lugano.
Os 44 jornalistas, entre brasileiros e estrangeiros, que ocuparam a sala de conferências do Mar Hotel, casa dos uruguaios em Recife, na noite desta sexta-feira, sorriram. Não é sempre que se pode ouvir um dos mais importantes zagueiros da América do Sul nos últimos 10 anos. Um jogador que fez história no São Paulo e esteve na mira do Grêmio várias vezes nos últimos dois anos.
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– O Uruguai merecia um campinho, só um campinho de futebol perto do hotel. Era o mínimo que nós poderíamos esperar. Espero que isso seja uma crítica construtiva para o torneio. Porque a organização não pode ser assim – desabafou.
Uruguaio de Canelones, 32 anos, Lugano reclamou da desorganização da Copa das Confederações. Quinta-feira, dia de muita chuva, a sua equipe não conseguiu lugar para treinar, ao contrário da Espanha, que recebeu o novo CT do Náutico, que tem a mesma grama da novíssima Arena Pernambuco, palco de Espanha e Uruguai, domingo, às 19h. Foram trabalhar numa academia no final daquela tarde.
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Ele disse que o Uruguai está acostumado, já treinou em campos ruins, vive em um país carente, não almeja tratamento VIP em aeroportos e hotéis. Lembrou que se o prejudicado fosse um time europeu, que vive outra realidade, as reclamações seriam muito mais ruidosas.
Depois de elogiar os colegas, “um grupo espetacular”, o zagueiro do Málaga falou do abismo que separa Barcelona e Real Madrid das outras equipes espanholas. Dois supertimes que normalmente superam as equipes menores em La Liga.
– Não tem graça (os jogos).
Lugano não fala em voltar ao Brasil. Quer ficar mais um tempo na Europa. Pensa na família, nos três filhos que estudam, na mulher que não deseja voltar.
– A decisão de ficar mais um tempo foi familiar – disse.
A parte final da entrevista coletiva tratou das diferenças entre Uruguai, Espanha e Brasil. Ele entende que os espanhóis superaram os brasileiros no toque de bola, mas a escola do seu país é outra. Se no Uruguai o garoto joga em campo ruim, esburacado e dá carrinho com prazer, na Espanha a cultura é outra, os campos são melhores e o toque de bola é primoroso e reverenciado.
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– Nós temos menos jogadores do que o Brasil e a Argentina, A questão é matemática. As reposições são mais difíceis. Sofremos mais.
Capitão do Uruguai, ele vai enfrentar outra vez Xavi, Iniesta, Pique, Sérgio Ramos e Pedro, astros do Barça e do Madrid, que normalmente superam o seu Málaga. Mas domingo, ele vestirá a camisa Celeste. A história pode ser outra.
– É, mas a Espanha continua a seleção número 1 do mundo.
Espanha e Uruguai caminha para ser um dos melhores jogos da Copa das Confederações, um aquecimento para a Copa do Mundo do ano que vem.