Desigualdade social e racismo são temas que a atriz Luellem de Castro vive de perto tanto na ficção quanto na realidade. Na pele da estudante Talíssia, de Malhação – Vidas Brasileiras, uma mãe solteira, negra, pobre e seguidora do candomblé, a artista de 23 anos sabe bem o que é preconceito em um país onde a meritocracia vale para poucos.
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Nascida e criada no Jardim Gramacho, em Duque de Caxias, região pobre da Baixada Fluminense, no Rio de Janeiro, que já abrigou o maior lixão do Estado, Luellem viu na arte um instrumento de transformação e resistência:
— Comecei aos sete anos, no cinema, no filme No Meio da Rua, de 2006, e não parei mais. Na TV, minha primeira participação foi como Ana Flor em Malhação — Sonhos, de 2014.
Representatividade
A atriz se diz feliz com a atual personagem, que tem representado milhões de garotas brasileiras, muitas vezes, ignoradas pela mídia.
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— São meninas pretas, periféricas, mães solteiras que têm que crescer na marra, não têm tempo de serem crianças. Elas poderem se ver na TV ajuda na autoestima, no empoderamento de sua identidade — defende ela, que, no início da carreira, via poucos negros no meio artístico:
— Era minoria. Contava moeda para pegar ônibus, passava horas no trânsito, comia pouco. Precisei de muita perseverança.
Após 16 anos atuando, Luellem, agora, se aventura na música com a banda Nós Somos. Algumas canções são de sua autoria, como Menina Hareboa:
— A música fala da relação da empregada com a filha da patroa e dos privilégios que existem na sociedade, mas com humor.
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Mente e coração abertos
Criada há um ano, Nós Somos é quase uma banda familiar. Além de Luellem, estão no grupo seu irmão, Leandro Castro (contrabaixo), e os amigos de infância Kalebe Nascimento (bateria, percussão e voz), Fernanda Albuquerque (voz) e João Loroza (violão, guitarra e beatbox).
Do pop ao samba, as canções são todas autorais. Luellem, que já escreveu mais de 30 letras, tem algumas no repertório. Ela fala de privilégios, mas também de amor:
— Afinal, falar de amor também é um ato de resistência. Tratamos da nossa vivência, do mundo atual, sob a perspectiva feminina, preta e periférica, com estilo divertido e potente — explica.