O candidato de esquerda, Andrés Manuel López Obrador, pediu ontem às autoridades eleitorais a recontagem de todos os votos emitidos na eleição presidencial do México de domingo passado, devido a “inconsistências”.
Continua depois da publicidade
– Apresentamos uma solicitação formal em nome da coalizão na qual pedimos uma nova contagem de (pouco mais) das 143.000 urnas que foram usadas na eleição para presidente – disse em uma entrevista coletiva à imprensa o coordenador da campanha da esquerda, Ricardo Monreal, acompanhado de López Obrador.
Monreal explicou que, segundo uma “investigação” realizada pela coalizão de esquerda liderada pelo Partido da Revolução Democrática (PRD), havia sido registrado “até o momento” um total de “113.855 urnas das 143.000 com algum tipo de inconsistência”.
Essas inconsistências, explicou, podem ocorrer quando o número de votos nulos ou errados é superior ao de votos emitidos, quando as cédulas recebidas não coincidem com as contabilizadas, ou quando todos os votos vão para apenas um candidato.
– Com isso, não resta dúvida de que não houve uma eleição limpa e transparente – disse López Obrador em uma entrevista coletiva à imprensa, na qual novamente acusou o Partido Revolucionário Institucional (PRI), para o qual as contagens preliminares dão uma vantagem de 6,51 pontos percentuais, de ter comprado “milhões de votos”.
Continua depois da publicidade
López Obrador, que segundo os resultados preliminares ficou na segunda posição na eleição presidencial com 31,6%, se negou a responder, no entanto, se impugnará a eleição.
Perguntado sobre se realizará mobilizações massivas semelhantes às que protagonizou em 2006, quando perdeu por uma diferença de 0,56 ponto para o conservador Felipe Calderón, Obrador afirmou que atuará “de maneira responsável e dentro da lei”.
O Instituto Federal Eleitoral (IFE) mexicano informou que poderá recontar até um terço dos votos das eleições de domingo “em relação a uma dúvida”.
Segundo o presidente da Comissão de Organização e Capacitação Eleitoral do IFE, Alfredo Figueroa, “a estimativa é que com base na eleição presidencial teríamos entre 45 mil e 50 mil ‘pacotes’ que seriam eventualmente abertos pelos conselhos distritais”, do total de 143.130 mesas eleitorais instaladas em todo o país no dia da eleição.
Continua depois da publicidade
Figueroa explicou que a determinação sobre a recontagem dos votos caberá a cada um dos conselhos dos 300 distritos eleitorais do país, como prevê a legislação.
A lei eleitoral mexicana estabelece a recontagem dos votos quando as atas apresentam uma diferença entre o primeiro e o segundo colocado inferior a 1%, quando os votos nulos são superiores a esta diferença; quando todos os votos são para o mesmo partido e quando há “inconsistências”.
As “incosistências” são frequentes dado que cada ata traz dados como o número de eleitores registrados em cada seção, o número de cédulas disponíveis, o número de pessoas que votaram, o número de votos para cada candidato, votos nulos e o número de cédulas que sobraram.