Londres é uma cidade em movimento. E não é só por causa das Olimpíadas. Enquanto milhares atletas se esforçam no limite, na região da Grande Londres, milhões de pessoas caminham, correm ou andam de bicicleta nesta cidade obcecada pelo deslocamento ágil. E para poder ter esta cultura, há algo fundamental: polícia na rua.
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É absolutamente comum por Londres a população cobrir longas distâncias entre suas residências e o objetivo do dia, seja ele ir ao trabalho, às compras, ou divertir-se. A constatação foi rápida para o jornalista Diego Madruga, que está estudando em Londres e depois voltará a Florianópolis, onde trabalha no DC:
– Caminhamos todos os dias uma hora até a escola, e também caminhamos muito pelos parques – revelou, já assimilando esta característica local.
Aliás, os londrinos não ficam em casa. Eles usam o eficiente metrô o tempo todo. Não precisam trabalhar perto, já que há eficiência. Então, carregam malas com rodinhas para cima e para baixo, colocam bicicletas nos trens (que tem espaço para isso) e, nas folgas, invadem os parques e atrações e em qualquer ponto da cidade, não só localidades vizinhas – e pensar que não conseguimos ter turistas no Parque da Luz, próximo a Ponte Hercílio Luz, já que o local, apesar de lindo, é mal policiado e mal frequentado.
A polícia não é atenta somente ao trânsito, mas vigia muito as ruas. Para ficar livre nos deslocamentos a pé, de bicicleta ou de cavalo, os policiais não precisam ficar multando por aí: há câmeras móveis, na parte superior de viaturas, estrategicamente colocadas, e não os famosos “pardais”, hoje desativados em Florianópolis, que todos sabem onde estão.
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Policiais por todos os lados
O DC fez um teste básico para constatar a presença policial nas ruas. Este repórter correu uma distância de 10 quilômetros, num período de tempo de 56 minutos. Ou seja, uma corrida leve.
E contou quantos policiais pôde visualizar no percurso que girou na movimentada região próxima a estação de St. Pancras, onde ficam diversos pontos turísticos e a movimentação é intensa por ser ponto de distribuição ferroviária pela cidade e pelo país.
Na corrida, foram vistos cinco duplas de policiais caminhando. Nas esquinas e pontos estratégicos como alterações de trânsito, mais oito policiais. Duas viaturas, num intervalo de 20 minutos, passaram com as sirenes ligadas. E, à cavalo, três duplas de policiais surgiram em meio ao trânsito. Isso que não apareceram, quase que por milagre, nenhuma motinho 100cc, ou os segway (tipo aqueles da Beira-Mar, com duas rodas).
Se o cansaço não prejudicou a observação completa (afinal a adaptação ao fuso fez com que as corridas sofressem uma interrupção de uma semana), foram 26 policiais (incluindo os dos carros) que cruzaram caminho pelo repórter-corredor. Vamos ser sinceros? O que foi visto em 10 quilômetros e 56 minutos por aqui, você não conseguirá contar num dia inteiro nas principais cidades catarinenses. ?
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Câmeras espalhadas nos bairros
Para ilustrar a situação, o irmão do motorista Gilson, que colabora com a RBS em Londres, Guilherme de Almeida enfrentou uma pequena discussão num comércio. Nada absurdo. Foi normalmente para casa e, ao chegar, foi abordado por um policial.
O motivo era apenas saber o que ocorrera. O momento da discussão fora flagrado por uma câmera. Da central, Guilherme foi seguido, rua a rua, até em casa, onde deu as explicações aos policiais, que ali chegaram antes mesmo que ele pudesse colocar a chave na porta de entrada.Mas Guilherme não achou ruim:
– Percebemos que se alguém sai da linha, dificilmente escapa. Então quem é do bem, sabe que está protegido.
Eventos esportivos grandiosos, espetáculos e um grande espaço cultural a proteger, milhões de turistas, uma população com etnia variada e conflituosa e a polícia londrina dá conta. E provoca uma pontinha de inveja.
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