Dizem que o verão é a época dos corpos enxutos. A premissa pode até ser verdadeira, mas foi com a proposta de uma estação mais democrática que lojistas de moda praia de Ilhota apresentaram ontem as novidades do setor para a próxima temporada de calor. O Estaleiro Guest House de Balneário Camboriú foi o ponto de encontro para a segunda edição do Ilhota Fashion Day, que reuniu 20 empresas do município para um dia voltado às tendências primavera/verão 2016. O evento teve a presença da estilista Cecília Bourdon, da grife de lingerie Fruit de La Passion, e showroom com todas as novidades das marcas da cidade.

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Além de texturas, cores e padrões renovados, as peças do próximo verão prometem mais atenção à moda plus size e ajustes na grade de tamanhos _ em especial nos sutiãs dos biquínis. Proprietário da marca Dupan, que oferece peças que vão até o 54, Alexandre Poerschke afirma que quem não costuma usar roupa de praia por causa da modelagem tipicamente pequena ou cores muito básicas vai encontrar produtos mais fiéis a cada tipo de corpo, além de uma cartela de tons vibrantes e alegres. Ele acredita que a mulher tem priorizado cada vez mais o conforto na hora de escolher o traje ideal para curtir o verão, e é isso que tem motivado o mercado a apostar na mudança:

– Acho que a brasileira está preocupada em se vestir para ela mesma e não mais para os outros. Começamos a investir nessa ideia há um ano porque identificamos que o tamanho de roupa que ela usa pode não ser G, mas a parte de cima do biquíni tem que ser desse tamanho por causa da sustentação aos seios, para prevenir problemas nas costas. Tivemos que nos adaptar aos poucos e acho que futuramente vamos entender isso melhor – explica.

A mesma tendência de mercado foi percebida pela Banka Panka Biquínis. Sabrina Roncalio, estilista da marca, diz que a empresa se preocupa em oferecer opções de tamanho alternativos à grade comum _ na loja de Ilhota o 42 corresponde ao P, o 44 ao M, o 46 ao G e o 48 ao GG.

– Percebemos essa necessidade do público, até porque os corpos estão maiores. Como trabalhamos com bojos comprados em diversas fábricas, é importante adaptar as peças para todos os tipos de público. O pessoal tem gostado bastante – garante.

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A modelo plus size Shirlei Mel, 37 anos, de Indaial, reforça que a dificuldade para encontrar roupas de praia que se adequem aos biotipos maiores ainda é grande:

– Vejo que nossa região tem mais opções porque temos Ilhota como nicho de moda praia, mas em outros lugares é difícil. Acho que as marcas ainda pecam muito nas modelagens, não pensam muito na sustentação que precisamos. Mas também acho ótimo que o mercado esteja mais voltado às nossas necessidades – avalia.

Para Rodrigo Zen, professor de Design de Moda da Unifebe, de Brusque, o mercado têxtil está cada vez mais perto de entender que é preciso se aproximar das pessoas:

– Apesar da ditadura da magreza, as mulheres se sentem inspiradas para mostrar o próprio corpo por celebridades curvilíneas como Beyoncé, Nicki Minaj e as próprias brasileiras. Isso nada mais é do que uma tendência de comportamento que se torna também uma tendência comercial. A indústria percebe que se não se dobrar nesse sentido as vendas vão esfriar – defende.

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Estação de influências setentistas, com estampas e muitas cores

Há tempos que ir à praia tem ultrapassado a vontade de se refrescar ou colocar o bronzeado em dia. Para muita gente é a chance de transportar o senso fashion da cidade para a beira-mar. E tudo indica que o verão 2016 vai relembrar os anos mais versáteis da moda, com referências que vão desde o neon até o crochê.

Segundo Maurina da Silveira, sócia da loja Morena Bakana, os looks da estação mais quente do ano têm tudo para seguir um conceito moderno e sofisticado sem perder a praticidade. Ela adianta que conforto e versatilidade devem ser as palavras de ordem:

– As calcinhas estão maiores, os hot pants permanecem e os maiôs vieram com tudo. Da lycra ao neoprene, os biquínis aparecem no neon e em estampas étnicas. O jeans também invade as praias e piscinas na próxima estação – revela.

Sandra Souza, da marca Alphamare Beachwear, aposta no estilo boho chic (mistura de estilos como hippie, étnico e boêmio e toques personalizados) _ com detalhes artesanais em macramê, crochê e bordados com pedrarias:

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– Também vale ressaltar os biquínis inspirados nos esportes, cores cítricas, neoprene e 3D.

Estilista da marca Julemar, Priscila Sabino adianta que o boho chic vai invadir as praias com inspiração forte nos festivais de música da década de 1970:

– Nossa coleção traz referências da moda hippie, com muitos trabalhos manuais, bordados com pedrarias, tranças, tecidos fluidos e confortáveis. Franjas e babados também aparecem como ponto forte – aponta.