Uma loja de sofás na Grande Florianópolis é acusada de golpe por ao menos 20 pessoas que afirmam terem sido lesadas em compras nunca entregues. A Casa, com atuação ativa nas redes sociais e espaço físico em São José, se apresenta com oferta variada de móveis sob medida, mas, uma vez fechado o negócio, deixa de cumprir prazos e também de devolver os valores devidos aos clientes, segundo quem acusa. A dona do estabelecimento, por sua vez, diz que tenta acordos amigáveis para eventuais desavenças e que teria sofrido ameaças (leia a íntegra do posicionamento dela abaixo).
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Morador de Florianópolis, Eurico Quadros afirma ter sido vítima da empresa em março deste ano. Na ocasião, a companheira dele encontrou a loja pelo Instagram, em conta com mais de 11 mil seguidores, e o casal fechou o negócio na sede física, por R$ 2.100.
O sofá deveria ser entregue pela loja já na semana seguinte, mas, quatro dias depois da compra, começaram a vir as desculpas para adiar o serviço.
Em um primeiro momento, teria ocorrido um problema na impermeabilização do sofá, o que exigiu remarcação do prazo. Na nova data combinada, a pendência se repetiu. A partir de então, a dona da loja, Alessandra de Andrade da Silva, que teria se apresentado apenas como vendedora anteriormente, passou a dar respostas evasivas, até que afirmou que já não entregaria o produto e estornaria o valor pago.
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O cliente tentou manter a compra, mas aceitou, posteriormente, que fosse feito o estorno. A empresária não enviava, no entanto, comprovante da devolução.
Após uma semana, Eurico e a companheira voltaram à loja física (na Avenida Cláudio Antônio de Souza, 23, no bairro do Roçado) com um caminhão de frete pago do próprio bolso para levar qualquer sofá ou tentar reaver o valor pago, mas deram de cara com o espaço fechado, na tarde de uma sexta-feira.
Eurico só conseguiu obter o estorno via banco, com muito custo e por ter pago com cartão de crédito, três semanas depois. Até ter o dinheiro de volta, ele ainda chegou a outros clientes que afirmam terem sido vítimas da loja, que já se apresentou com diferentes endereços físicos, nomes e CNPJs tanto na Grande Florianópolis quanto no Rio Grande do Sul.
— Eu já passei por um transtorno gigante. Espero que possa reverter isso, para que essa pessoa pare. No meu caso, consegui reaver o meu dinheiro, mas muito gente não conseguiu — diz Eurico.
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Em Santa Catarina, um grupo de WhatsApp reúne as cerca de 20 pessoas que acusam a empresa de golpe. Alyne Botelho é uma das integrantes e pagou R$ 2.490 via Pix por um sofá em novembro de 2021, à então Kaza Móveis Decor, em outro endereço do Roçado, mas também sob responsabilidade de Alessandra de Andrade da Silva.
A cliente chegou a receber, entre prazos e promessas descumpridas, um sofá de cor diferente da que comprou e, após a troca dele, um outro de qualidade muito inferior. O segundo móvel também foi recolhido por uma suposta assistência técnica em maio de 2022 e, desde então, Alyne não recebeu o sofá pelo qual de fato pagou nem o dinheiro de volta.
Assim como Eurico, Alyne afirma ter buscado o Procon e ido à loja física de sofás para tentar reaver o valor, mas diz ter sido recebida com deboche de Alessandra.
— Eu já perdi a esperança de esperar pelo dinheiro. Vou entrar com um processo cível, porque ela debocha quando vamos lá, diz para chamar a polícia, porque não acontece nada, que é só um desacordo comercial, ela sabe até esses termos — afirma Alyne.
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Integrantes do grupo de WhatsApp registraram boletim de ocorrência na Polícia Civil e também levaram uma representação ao Ministério Público de Santa Catarina (MPSC), mas reclamam que o assunto é tratado de maneira demorada.
Ao NSC Total, a Polícia Civil informou que a 5ª Delegacia de Polícia da Capital tem inquérito policial instaurado sobre o caso, ainda em andamento. O MPSC não esclareceu qual o estado atual da denúncia.
A reportagem ainda identificou ao menos sete processos no Tribunal de Justiça de Santa Catarina (TJSC) contra Alessandra envolvendo a venda de sofás e outros 15 na Justiça gaúcha. Em parte deles, há sinalização de dificuldade em intimar a empresária e também em bloquear bens.
Alguns casos ainda são mobilizados em conjunto contra um ex-marido da dona da loja, que já esteve à frente também do estabelecimento e com quem a reportagem não conseguiu contato.
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O que diz a empresária
Ao NSC Total, Alessandra de Andrade da Silva afirmou, em posicionamento por escrito, que enfrenta problemas com fornecedores da loja desde que precisou abrir um novo CNPJ, em maio de 2022, por ter se separado do então marido, que não guarda relação alguma com o atual negócio.
Ela disse que, ainda assim, tenta manter a operação e que mudou o endereço da loja uma única vez, devido aos altos custos do antigo ponto.
A empresária ainda afirmou que sempre se dispôs a resolver os casos de compradores insatisfeitos. Acrescentou que teria chamado a Polícia Militar à loja em ocasiões em que, nos seus termos, clientes passaram um pouco dos limites e que se negou a conversar quando houve falta de respeito.
Alessandra também disse que ela e as vendedoras da loja teriam sido ameaçadas, com exposição de fotos de seus filhos menores de idade, mas sem esclarecer de quem teria partido isso. Afirmou ainda que teria enviado provas e prestados esclarecimentos sobre cada caso aos órgãos legais.
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Leia íntegra do que diz a empresária
“Olá, boa noite! Decidi vir aqui e contar o meu lado da história, mas desde já deixo avisado que NÃO AUTORIZO O USO DA MINHA IMAGEM E NEM DAS PESSOAS VINCULADAS A LOJA.
Bom, em 2020 quando decidi abrir a loja em São José com o nome de Kaza Móveis e com o cnpj no nome do meu ex marido, até o mês de maio de 2022. Onde nos separamos e ocorreu a abertura de uma nova empresa em meu nome, sem vínculo algum com o antigo proprietário.
Com essa mudança tivemos problemas com as fábricas que não disponibilizaram o crédito de confiança e houve trancamento de mercadoria, sendo assim, inviável fazer o pagamento à vista dos sofás para descer da fábrica, pois sempre pagamos os boletos em dia, e isso nos gerava crédito, porém sem aviso prévio algum a fábrica simplesmente cortou nosso crédito, onde fiquei totalmente descapitalizada, e ainda estou diante de todo ocorrido.
Porém sempre atendemos aos clientes, tentamos soluções, como caso de alguns que estão no tal grupo denegrindo a imagem da loja e minha pessoal tbm, seja com entregas de modelos a pronta entrega ou até mesmo tentando acordos, porém sem acordos amigáveis não tínhamos como prosseguir. Inclusive, citações como de solicitação da PM a ir a loja, sempre que foram foi de forma legal e foi o estabelecimento que chamou. Pois o clientes passavam um pouco dos limites e não estava mais ao alcance da loja. Conforme temos provas de tudo isso registrado que está sendo dito.
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E sobre mudanças de endereços teve apenas 1 que foi a pouco tempo por conta de despesas mesmo, pois não tinha mais como arcar com um aluguel tão alto. E era postado em nossas redes sociais sobre a troca de endereço e informações, nunca negamos de atender clientes como eles alegam. Apenas nos negamos a continuar à conversar quando a falta de respeito acontecia conosco, como inclusive tentativa de furto de objetos pessoais da loja e tbm coagir vendedoras com amigos ligado a pm indo armado a loja, conforme BO registrado na ocasião pela loja.
Estamos abertos e nunca fechamos ou negamos atendimento e sim sempre de portas abertas para atender e tentar resolver. Porém, com tudo que está acontecendo passou dos limites aceitáveis, como abordar clientes que saem da loja para denegrir a imagem da loja e pessoal dos que trabalham na empresa, fazendo com que assim tenhamos prejuízos financeiros como cancelamento de vendas já feitas pois os clientes se sentem inseguros.
Saindo do lado empresarial, tem o lado pessoal onde se trata de perseguição como fotos de menores, funcionários tudo sem autorização e ameaças tbm. Em virtude de tudo isso impossível um acordo amigável, pois passou já a algo q não querem fazer justiça por meios legais e sim com ameaças.
Conforme já esclarecemos e mandando todas as provas que possuímos aos órgãos legais que estão cuidando de cada caso em particular.”
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