Tudo o que havia em duas lojas de materiais de construção de Joinville foi levado por multidões de clientes entre a manhã e a tarde desta sexta-feira nos bairros Guanabara, na zona Sul, e Vila Nova, na zona Oeste da cidade.

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A ação foi desencadeada pela suspeita de que o dono dos empreendimentos, o empresário Marcos Antônio de Queiroz, tivesse deixado a cidade e abandonado os negócios.

Além das duas lojas, chamadas de O Baratão da Construção, Marcos também é dono de uma construtora e de uma empresa de terraplenagem, que formam o Grupo Marcos Queiroz, com sede no bairro Iririú. Convencidos de que haviam sido lesados, clientes decidiram levar por conta própria as mercadorias expostas nas duas lojas.

A multidão era formada por clientes que não teriam recebido os materiais e compradores de apartamentos vendidos pelo grupo. Funcionários das lojas e corretores de imóveis do grupo, que igualmente se consideraram vítimas de um golpe, também passaram a recolher mercadorias na tentativa de minimizar eventuais prejuízos.

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Houve confusão, depredações e saques.

À tarde, com a presença da PM e a colaboração de funcionários, a retirada dos produtos passou a ser monitorada pela PM. Só quem apresentasse nota fiscal podia ter acesso às lojas para retirar mercadorias de preços equivalentes.

– Como muito material já havia sido levado sem supervisão, nosso papel foi monitorar a retirada com base em notas fiscais – explica a tenente Marcela Viríssimo Maciel.

Suspeita começou após e-mail anônimo

Um e-mail anônimo enviado para funcionários do Grupo Marcos Queiroz teria sido o ponto inicial da desconfiança dos funcionários sobre o abandono do negócio. Mas a suspeita aumentou após Marcos Queiroz não aparecer a uma reunião na quinta à noite, quando prestaria esclarecimentos.

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Na sexta, foi novamente procurado, mas sem sucesso. Cerca de 15 funcionários do material de construção do Vila Nova registraram um boletim de ocorrência. Segundo o grupo, há profissionais que estão sem receber há três meses.

Um corretor do grupo, que preferiu não se identificar, contou que cerca de 325 apartamentos já haviam sido vendidos e nenhum deles foi entregue. O valor médio pago como entrada por cada imóvel comprado na planta seria de R$ 25 mil.

Investigação

Policiais militares orientaram os clientes que se consideraram lesados a registrar boletim de ocorrência. Os BOs se concentraram nas delegacias do Vila Nova e do Fátima, que abrange a área do material de construção do Guanabara. Apesar de as queixas denunciarem um suposto caso coletivo de estelionato, a Polícia Civil ainda não pode confirmar o crime.

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No caso dos imóveis, por exemplo, só poderia ser confirmado o suposto golpe se os prazos de entrega definidos em contrato não fossem cumpridos. A localização de Marcos Antônio de Queiroz também precisa ser confirmada para que ele seja ouvido e preste esclarecimentos à polícia.

Segundo o delegado regional Dirceu Silveira Júnior, é possível que a investigação se agrupe em um único inquérito policial. Funcionários pretendem juntar os contatos de todos os clientes supostamente lesados para mover uma ação coletiva na Justiça.