No Natal, tudo é diferente. Crianças esperam por presentes. Festejam quando ganham o que foi pedido. Adultos comem mais do que devem. E bebem bem mais do que devem. Natal é uma data especial. Que antecede uma correria insana.
Continua depois da publicidade
Em supermercados, onde todos procuram frutas, panetones, cervejas, espumantes, carnes, chocolates e outros itens saborosos. Encontrados os produtos ambicionados, aglomeração em frente aos guichês dos caixas é rotina inevitável. Paciência. Muita paciência.
Nos últimos dias da semana antes do Natal, a pressão arterial sobe por causa do estresse do período. Falta muita coisa a fazer. A desarrumação tolerada em casa durante 11 meses e 20 dias parece insuportável, enquanto o ar-condicionado não vence a temperatura alta.
Temos coisas demais a deixar prontas. Compras emergenciais em vários locais. Enfrentamento no trânsito congestionado. Cartão de crédito prestes a estourar.
Continua depois da publicidade
Leia outras colunas e artigos de Claudio Loetz
Por enquanto, a gritaria natural em endereços onde moram famílias grandes é de alegrias pelo olhar escancarado sobre as lembranças tornadas presentes. O olfato, a se deliciar antecipadamente diante das guloseimas postas à mesa.
Agora que chegaram o dia e a noite de comemorações, cometemos exageros para festejar o ano quase acabando. O efeito da festança tende a se materializar no fígado doído ou no colesterol elevado. Ou em problemas de pele. Ou em dor de cabeça persistente.
A crônica parece esquisita e prosaica demais para uma coluna de economia? Juro que não é. Aos argumentos.
Continua depois da publicidade
Todos os atos descritos nos parágrafos acima têm íntima relação com o dia a dia das atividades empresariais, a envolver atores de diferentes áreas de negócios. A compra de presentes anima o comércio, independentemente do ramo. A ida aos mercados gera, também, mais ISS e ICMS.
Em ambos os casos, aumenta a arrecadação dos governos municipal e do Estado. Este, portanto, fica apto a usar o dinheiro para honrar compromissos com servidores ou fornecedores. Ou, até mesmo, em investir em obras de interesse coletivo.
Igualmente, as vendas concretizadas criam valor aos acionistas e donos dos empreendimentos. Eles podem reaplicar o dinheiro obtido e gerar novos empregos, se for a intenção de expandir atividades. Também podem poupar os recursos apurados. Aí, permitirão a utilização da grana pelos bancos, que vão remunerar o capital e, em seguida, emprestar seletivamente a outros.
Continua depois da publicidade
Pegar o carro e ligar o motor significa dar dinamismo à economia de outra forma. A compra de gasolina, álcool ou diesel, em postos de combustíveis, faz, de novo, girar a roda. Mais ainda. A verificação de que o limite do cartão já foi quase utilizado pode causar efeitos emocionais.
Com chance de se espalharem para o organismo de cada um, em pontos nos quais se é mais sensível aos desgastes e frustrações do cotidiano. Vai daí a possível necessidade de socorro em farmácias, clínicas médicas e, eventualmente, em emergências de hospitais.
Vimos, nesta síntese, só um pouquinho da importância do Natal como fator econômico. No mínimo, envolve nove interlocutores. E nem falamos do aspecto religioso, catalisador das emoções da alma. Outro vetor do ânimo. Aliás, elemento decisivo a tornar as pessoas dispostas a reiniciar o ciclo a cada manhã.
Continua depois da publicidade
Por isso tudo, a contabilidade do Natal impõe números grandiosos. Neste ano, sem dúvida mais tímidos, porque as pessoas dispõem de menos dinheiro. As lembrancinhas predominam. As despesas ficam menores. Ainda assim, a data determina um ciclo de atenções aos dois vetores a conduzir a existência humana: o do consumo aparente e diário; e o do espiritual, sempre menos visível.
Demonstrar padrão de vida melhorado faz parte do comportamento exibicionista de homens e de mulheres. Mais das mulheres. Expressar emoções é, em nossa cultura, quase um sacrilégio. No geral, queremos dizer das nossas conquistas. Detestamos que os demais percebam nossas fraquezas.