Os números do endividamento acendem um sinal de alerta no mercado: 350 mil famílias catarinenses estão com a renda comprometida com algum tipo de dívida, reflexo da desaceleração do mercado com a queda da renda e o aumento no desemprego. Em Joinville, são 85.888 famílias nessa situação, que vem se agravando seriamente ao longo dos últimos anos, mostra estudo da Federação do Comércio do Estado de Santa Catarina (Fecomércio).
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A informação mais preocupante é a do crescimento de famílias joinvilenses que não conseguem pagar suas dívidas. Em junho deste ano, 21.057 famílias estavam nessa condição de quase insolvência. Em 2014, o número era de apenas 5.674. No período de três anos, quase quadruplicou o total de inadimplentes nessa condição. Outra revelação a expressar o mau momento econômico na cidade: as famílias com contas em atraso somavam 35.942 em junho deste ano, contra 20.795 em 2013, um aumento de 72,8%.
Outra leitura nos revela que, de 2013 para 2017, mais que quadruplicou o percentual de famílias de Joinville que não têm condições de pagar as dívidas: o índice saltou de 3,01% para 13,30%. É o mais elevado percentual dentre as cidades pesquisadas – Joinville, Blumenau, Itajaí, Florianópolis e Chapecó.
No mesmo período, o percentual de famílias com contas em atraso praticamente dobrou na cidade, passando de 10,49% para 20,60%. Em resumo, a conclusão a que se chega com base nesses dados é de que metade das famílias joinvilenses está endividada, com renda comprometida; mais de um quinto das famílias tem contas em atraso; e uma de cada sete famílias, pelo menos, não tem condições de pagar os débitos.
As dívidas com cartão de crédito representam 49,6% dos débitos dos joinvilenses.
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Endividamento crescente
O crescente endividamento da população, como revela o estudo da Fecomércio, dá bem a ideia do estrago contínuo que essa situação provoca junto ao varejo. Aliás, é o próprio comércio que exige mais rigor na concessão de crédito, temeroso em não receber pelas vendas feitas a prazo.
A realidade local atual é consequência, em grande medida, do elevado índice de desemprego verificado no ano passado, quando houve fechamento de 2,8 mil postos de trabalho, e pela evidente queda da atividade.Em Santa Catarina, seis de cada dez famílias fecharam o 1º semestre de 2017 endividados.
Do total, aproximadamente 20% estão com contas em atraso e 12% afirmam não ter dinheiro para pagar o que devem. No Brasil, até junho deste ano, o índice é de 57,1%. Desde o início da série histórica, em janeiro de 2013, o estudo indica que o cartão de crédito é o principal agente de endividamento.
Com exceção dos carnês, os débitos (como financiamento de carro e crédito pessoal, por exemplo) são prioritariamente com bancos. Avaliando o comportamento do primeiro semestre entre 2013 e 2017, é possível observar que o índice de inadimplentes em Santa Catarina mais do que dobrou, saltando de 5,08% para 11,61%, e o percentual de famílias com contas atrasadas superou os 20% nos últimos cinco anos.
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Na explicação dos técnicos, a alta desses dois indicadores se ampara na queda da oferta de crédito, visto que a falta de recursos disponíveis faz com que as famílias demorem mais para quitar os débitos, ou acabem recorrendo às linhas mais caras de empréstimos ou financiamentos para sair do vermelho, criando a ¿bola de neve¿ de dívidas.
Florianópolis é a mais endividada no Estado
O estudo mostra que Florianópolis continua como a cidade mais endividada em SC, e o indicador ¿não tem condições de pagar¿ (inadimplentes) é maior do que em Joinville (13,3%) e Itajaí (12,91%).
Itajaí também sentiu os impactos da ¿tempestade perfeita¿ na indústria naval: a cidade perdeu 2,6 mil vagas de trabalho. Na Capital, que concentra o maior número de órgãos públicos , o que implica estabilidade funcional e renda mensal média mais alta, os consumidores têm mais acesso ao crédito, logo, mais poder de compra e também maior propensão a se endividar, dizem os analistas da Fecomércio.
Impulsionado pelo crescimento do agronegócio, o Oeste tem os melhores números nos três indicadores da pesquisa estadual Peic. Os reflexos ficam visíveis no comportamento do consumidor nas datas comemorativas. É nestes momentos que os moradores de Chapecó mais compram à vista e lojas têm o maior faturamento entre as cidades pesquisadas.
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CONFIRA
A inadimplência das famílias de Joinville
Junho de 2013
Famílias endividadas — 75.312
Famílias com contas em atraso — 20.795
Famílias sem condições de pagar suas dívidas — 6.369
Junho de 2014
Famílias endividadas — 81.403
Famílias com contas em atraso — 25.607
Famílias sem condições de pagar suas dívidas — 5.674
Junho de 2015
Famílias endividadas — 63.906
Famílias com contas em atraso — 28.204
Famílias sem condições de pagar dívidas — 18.265
Junho de 2016
Famílias endividadas — 79.011
Famílias com contas em atraso — 27.185
Famílias sem condições de pagar suas dívidas — 17.310
Junho de 2017
Famílias endividadas — 85.888
Famílias com contas em atraso — 35.942
Famílias sem condições de pagar suas dívidas —21.057
Endividamento das famílias de Joinville (em %)
Junho de 2013 — 40,8
Junho de 2014 — 44,3
Junho de 2015 —48,6
Junho de 2016 —47,6
Junho de 2017 —49,3
Famílias com contas em atraso (em %)
Junho de 2013 —10,49
Junho de 2014 —12,97
Junho de 2015 —16,00
Junho de 2016 —17,10
Junho de 2017 —20,60
Famílias sem condições de pagar as dívidas (em %)
Junho de 2013 —3,01
Junho de 2014 —4,38
Junho de 2015 —10,6
Junho de 2016 —11,2
Junho de 2017 —13,3
Fonte: Fecomércio-SC