A psicóloga e coach Kelly de Moraes (foto) falou sobre a relação entre felicidade e produtividade a empresários de Jaraguá do Sul durante a reunião semanal da Associação Empresarial de Jaraguá do Sul (Acijs). Para uma cidade que tem no seu DNA a inovação como um de seus traços mais fortes, o tema parece não trazer qualquer novidade. Mas a especialista em gestão estratégica de pessoas, com atuação nas áreas de treinamento e desenvolvimento de pessoas, fez questão de ressaltar a importância de reforçar o conceito do quanto uma pessoa feliz pode trazer de resultado para qualquer negócio, o que é um desafio que se renova a cada dia. A seguir, a coluna resume o pensamento da profissional.
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Além da rotina
Empresas ícones deste novo mundo do trabalho baseado na tecnologia, como o Google, hoje dedicam um tempo do dia no seu horário de expediente para que o funcionário realize qualquer atividade que não seja aquela que ele normalmente já executa.
A importância de se ter propósito
Entender matemática, lógica programável ou qualquer outra ciência exata continua sendo relevante ao profissional, mas cada vez mais as empresas devem perceber a importância de valorizar outro conceito: o de que pessoas com propósito de vida produzem mais e melhor porque não precisam ser convencidas quanto aos objetivos das organizações a que pertencem. Neste sentido, o ideal é quando os objetivos e propósitos pessoais e das organizações se assemelham.
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Disruptura
Há uma disruptura do modelo mais antigo e que prevaleceu durante décadas, de que as pessoas tinham de ir ao trabalho em um determinado horário para cumprir uma jornada, com metas específicas, por longos anos e para o resto de suas vidas. Fica claro, cada vez mais, que este modelo se exauriu e as organizações caminham para uma flexibilização das relações: a valorização do potencial criativo e o estímulo à ousadia.
Estudo 1
Há um estudo, realizado a partir de 1938 por quatro cientistas nos Estados Unidos, que durante 75 anos analisaram o desenvolvimento adulto de 724 homens divididos em dois grupos. Metade de alunos é de Harvard e os restantes 50%, de pobres de Boston. A cada dois anos, os grupos eram submetidos a exames médicos, a análises sobre a atividade cerebral de cada indivíduo, realizadas entrevistas com os pais e, posteriormente, esposas e filhos, e eram gravadas conversas entre eles e suas famílias. Alguns resultados: do total de pesquisados, 60 homens ainda estão vivos, muitos dos homens lutaram na 2ª Guerra Mundial, alguns deles se tornaram operários, advogados, médicos e um acabou eleito presidente dos Estados Unidos.
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Estudo 2
Além disto, o estudo revelou que ligações sociais são boas e a solidão mata. Pessoas mais ligadas à família e aos amigos são fisicamente mais felizes e vivem mais, não é a quantidade de amigos que conta e sim a qualidade dos relacionamentos. Viver em conflito é muito ruim para a saúde — por exemplo, um casamento conflituoso e sem carinho é, talvez, pior do que um divórcio. Os cientistas perceberam, ainda, que as boas relações não só protegem a saúde como ajudam o cérebro e estimulam a memória, verificando que estar ligado a outra pessoa de modo a sentir confiança e saber que pode contar com essa pessoa traz mais felicidade do que fama e dinheiro.
Empreender
Hoje, 54% dos jovens pensam em empreender seu próprio negócio, podendo trabalhar em casa e nos horários em que produzem com mais qualidade. Este é o desafio à empresas: perceberem o potencial de contarem com pessoas mais felizes e criativas, porque que esta onda está chegando. E haverá mudança agressiva na gestão.
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Próxima década
As pesquisas indicam que nos próximos dez anos haverá o desaparecimento de muitas profissões e o surgimento de outras, que nem sabemos ao certo que nome terão. Cada vez mais, entender as pessoas e de que maneira elas podem contribuir com suas competências faz mais sentido do que qualquer outra meta. Fazer com que as pessoas percebam que a felicidade vai além dos salários, de que a felicidade não está na fama ou só pelo dinheiro que se consegue com o trabalho é um conceito que vale para o ambiente corporativo ou para a vida pessoal. Quando se faz algo com paixão, vive-se mais e melhor.
Sentido da vida
É importante mostrar o conceito japonês do Ikigai, que, na tradução literal, significa “sentido da vida”, para explicar o que os orientais percebem como determinante para o seu sucesso profissional aliado a uma perspectiva de maior longevidade e qualidade de vida. É algo que depende muito de cada um de nós; o aqui e o agora é o que importa para termos nossa realização pessoal e profissional. A felicidade é algo que não podemos terceirizar.