Pesquisa da Federação do Comércio do Estado de Santa Catarina (Fecomércio) sobre a qualidade dos serviços públicos nos sete principais municípios do Estado revela números significativos, a demonstrar a percepção da população a respeito do que recebe em prestação de serviços para atender a demandas sociais. Joinville figura na quinta colocação entre as principais cidades do Estado e não aparece em primeiro lugar em nenhum dos nove itens analisados.

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Nem mesmo em educação, sempre tão badalada pelo poder público local por comemorar sucessivos reconhecimentos e premiações nacionais, a reconhecer-lhe a excelência. A sociedade joinvilense pensa diferente. Certamente porque a noção popular englobe, também, os serviços prestados pelas escolas estaduais, que, nitidamente, estão vários pontos abaixo do padrão municipal de ensino.

Joinville ainda figura na última colocação quando o fator é cultura e lazer, com nota 3,01, em uma variação que vai de zero a cinco. Alguém se surpreende? Sim? Não deveria. Faz anos, é fácil notar que o desenvolvimento econômico atingido por Joinville não tem correspondência no quesito cultura e lazer. Carecemos – e muito – de lugaress adequados, programação constante e espaços para diversão gratuita.

O levantamento feito pela Fecomércio sugere que os futuros gestores das sete principais cidades de Santa Catarina terão dois grandes desafios nos próximos quatro anos: mobilidade e segurança. Estes dois fatores receberam as piores notas na Pesquisa de Avaliação do Serviço Público.

As médias ficaram em 2,27 e 2,47, respectivamente. Os piores desempenhos foram de Criciúma (1,78) e Florianópolis (1,87). Em Joinville, o fator segurança é pessimamente avaliado. Metade dos entrevistados (49,9%) deu nota de zero a dois. Na decomposição, uma de cada sete pessoas (17,4%) ouvidas deu nota zero. E quase um quinto (18,7%) dos pesquisados registrou nota 1. O item com melhor avaliação na cidade foi o de limpeza urbana. Mais de um quarto deu nota 4, numa escala de zero a cinco.

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Quando se fala em prioridades de gestão para os próximos quatro anos, em Joinville a população escolheu dois temas: saúde e educação. Ao serem perguntados sobre a primeira prioridade, os joinvilenses responderam, com absoluta convicção: saúde, que surge com 68,6% das respostas. Quando indagados sobre a prioridade número dois, também aparece a mesma resposta, com 40,3%. É a saúde. Educação surge depois.

Os nove quesitos da pesquisa da Fecomércio – saúde, educação, preservação ambiental, segurança pública, mobilidade urbana, água e esgoto, limpeza urbana, habitação e cultura e lazer – foram avaliados com notas de zero a cinco para mostrar a percepção da população quanto à qualidade dos serviços públicos oferecidos em Joinville, Criciúma, Florianópolis, Itajaí, Blumenau,

Lages e Chapecó.

Se há reclamos por melhorias, de acordo com dados secundários do sistema de indicadores da Federação Catarinense dos Municípios, elaborado em parceria com a Fecomércio, a qualidade melhorou desde 2012, mas ainda é preciso avançar para atingir as metas estipuladas pelos diferentes órgãos de fiscalização, regulamentação ou promoção do serviço público.

A cidade mais bem posicionada nos dois indicadores foi Chapecó, que avaliou o atendimento à população com as notas 3,33 e 3,41. A representante do Oeste também registrou os números mais altos em segurança pública (2,70) e habitação (3,52), entre as sete cidades pesquisadas. Na outra ponta está Florianópolis, que acumula seis piores posições: educação (2,45), preservação ambiental (2,53), mobilidade urbana (1,87), água e esgoto (2,24), limpeza (3,01) e habitação (2,9).

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De acordo com o presidente da Fecomércio SC, Bruno Breithaupt, a pesquisa pode se transformar em um importante balizador na proposição de políticas públicas.

– Na medida em que as receitas dos municípios caem, e as responsabilidades aumentam cada vez mais, a Fecomércio SC trabalha para desenvolver um verdadeiro sistema de inteligência de dados e indicadores sociais, de forma que possamos, em parceria com o poder público e as entidades da sociedade civil, estabelecer as prioridades da política pública, para que o orçamento seja executado em favor do cidadão.

O serviço mais bem avaliado em todo o Estado foi a limpeza urbana, com nota média de 3,42. O indicador recebeu a nota mais alta em Itajaí (3,85), e a mais baixa em Florianópolis (3,01). Na segunda posição está cultura e lazer, com média de 3,20. Blumenau se destaca com a nota mais alta (3,41), em contraponto a Joinville (3,01). O terceiro quesito mais bem avaliado pelos catarinenses foi a habitação (3,16), com o melhor desempenho encabeçado por Chapecó, e Florianópolis novamente na última posição.