Nascida em Joinville, Gabriela Loyola é formada em Administração de empresas pela Fundação Educacional da Região de Joinville (atual Univille), com especialização em art business pela Escola São Paulo. Trabalhou na Companhia Fabril Lepper, empresa têxtil centenária do setor de cama, mesa e banho. Nos últimos anos começou a desenvolver seu próprio negócio, despertando o sonho de trabalhar com artes visuais, do qual originou a Picta Escritório de Arte em 2013.

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A iniciativa é fruto dos estudos sobre arte, da pesquisa sobre a produção atual dos artistas e do trabalho das galerias que os representam, além da compreensão do sistema que move esse mercado.

O que é a exposição “Hic et Nunc”?

Hic et Nunc é “aqui e agora” em latim. Entendo o artista como ser único, com aura própria e diferenciado. Por exemplo: o pintor tem técnica de pintura; e o artista tem de ser original, autêntico e único. As empresas deveriam ser assim. Criatividade depende das pessoas. Infelizmente, o Brasil ainda não entende o valor da cultura.

Qual é o estágio da arte?

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Raras a são as pessoas que entram num lugar para ver obras de arte. Em São Paulo, as grandes galerias são espaços fechados. E não estimulam os consumidores potenciais a conhecê-los.

Como se forma o mercado de arte? O que é necessário para se vender e comprar produtos de arte?

Uma cidade sem escola de artistas não é capaz de produzir cultura. E não há isso em Joinville. Tem de haver, também, museus e outras instituições que validem estes artistas. O terceiro fator é o da importância dos críticos e das curadorias. Evidentemente, os curadores precisam ter espaços para apresentar artistas e suas obras. Outro elemento é o dos consumidores, que deveriam aprender arte nas escolas. A isto eu chamo de “sistema de arte”.

Qual é o estágio da arte em Joinville?

De zero a dez? De zero a dez, Joinville está no estágio 2.

Quais são os problemas principais?

Joinville precisa de políticas públicas focadas no estímulo à arte e aos artistas. Tem de haver recursos e investimentos na formação de artistas. Pergunto: como estes recursos públicos – escassos – são usados? A Prefeitura mede resultados? Quais são os indicadores de cultura em Joinville?

Quem é o comprador de arte?

Principalmente o colecionador com viés de investimento. E aquele que tem empatia e compra para compor uma parede.

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Do que depende o preço de uma obra?

O preço depende de onde ela está exposta. Assim, a mesma obra vale muito mais em São Paulo ou Rio de Janeiro do que em Joinville. É a natural lei de oferta e procura.

Como a iniciativa privada de Joinville se comporta neste contexto?

É preciso cobrar mais investimentos em cultura. As empresas não têm nenhum compromisso do valor da arte como fator de transformação social da cidade. Estamos perdendo a nossa identidade. Joinville está indo para trás, no sentido amplo. A cidade não estimula a reflexão, o debate.

De prático, o que deveria ser feito?

Gostaria muito que as empresas se unissem para se interessar pelo funcionamento adequado dos nossos museus. Que coloquem dinheiro neles, independentemente da Lei Rouanet.

Que significado a educação exerce nesse contexto?

A educação é basilar. Cultura e arte têm interseção com economia e desenvolvimento das sociedades e dos modelos civilizatórios.

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Há desprezo por aquilo que a arte representa?

Em Joinville, predomina a ideia de que a arte não é trabalho. O artista – escritor, pintor, escultor… – é visto como diletante, sem compromisso com o trabalho. O pensamento de Joinville ainda está na era industrial. E não no mundo do conhecimento mais amplo.

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