A queda do Joinville Esporte Clube para a Série C do Campeonato Brasileiro de Futebol é uma pequena desgraça. Para o clube e para a cidade. Explico-me. O JEC tem insistido em criar problemas para si mesmo nos últimos dois anos, período em que saiu da linha de frente do futebol nacional, na Série A, em 2014, para a indesejada terceira divisão em 2017. Esse negativo retrospecto recente tem lá suas causas e, mais importante, suas consequências.
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A pergunta essencial que se deve fazer, sempre, em quaisquer situações, para compreender melhor o que acontece, é: por quê? Nesta linha de pensamento, por que o JEC derrapou e foi ladeira abaixo em tão pouco tempo?
A resposta, óbvio, não é única. Causas são múltiplas. Uma delas é o baixo orçamento mensal disponível numa disputa tão intensa. A rigor, o futebol depende de dinheiro. Portanto, contratar jogadores de padrão técnico melhor se tornou impraticável, dado que as receitas não foram generosas. O apoio de patrocinadores, sempre fator decisivo para solidificar o clube, nem é tão grande assim.
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O futebol é, para os torcedores, paixão, sentimento, orgulho ou frustração. Eles, os torcedores, não querem saber de balanços financeiros. Querem ver o time ganhar. Para quem dirige um clube, é mais do que isso. Tem de haver racionalidade na gestão e cuidado nas escolhas dos profissionais, que vão atuar em seu nome. O JEC é uma marca. Como tal, tem seu valor de mercado. As marcas expressam a percepção popular – do consumidor – em relação ao comportamento do produto (no caso, a qualidade do jogo praticado e os resultados em campo), que as organizações/times entregam. Há uma relação direta entre os resultados e a maneira como a marca é percebida. E como qualquer atividade, o futebol está atrelado a desempenho. O nome do jogo é performance.
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Times dependem de vitórias e de conquistas para serem notados pelos dirigentes – principalmente pelos treinadores e comandantes de clubes adversários. A valorização ou a desvalorização dos jogadores se dão exatamente em função de como desempenham a atividade. Igualzinho aos trabalhadores nas indústrias, no comércio, em áreas de prestação de serviços.
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As trocas de executivos são naturais, à medida que eles não obtêm os ganhos prometidos, ou esperados, quando da contratação. Ou, mais comum, quando o comando das organizações e empresas entende que não mais correspondem funcionalmente. Com as equipes em funções intermediárias e de chão de fábrica, a rotatividade é bem maior. Nos clubes de futebol, idem. E, aí, acertos e equívocos são ainda mais sensíveis, em face da urgência urgentíssima de todos apresentarem resultados imediatos. Os jogos se sucedem rapidamente, e a classificação na tabela produz consequências evidentes. Para o bem e para o mal.
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Um dos grandes desejos, expressos há pelo menos sete anos, é o da ampliação da Arena Joinville. Prometida há tempos por políticos de diferentes estirpes e partidos – e um dos pontos recorrentes de campanhas eleitorais -, realmente será prioridade em 2017? De onde virá o dinheiro, dada a nova triste realidade do futebol local? Ganhar este presente será ainda mais difícil em tempos de escassez absoluta de recursos e de aperto nos gastos, com ajustes fiscais generalizados na órbita do poder público. Quais argumentos serão suficientemente fortes para convencer Brasília e Florianópolis a custear as obras?
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No futebol, não se pode esperar que suas lideranças (diretores), seus gerentes (técnicos) e seus funcionários (jogadores) demonstrem eficiência a médio e longo prazos. É tudo para ontem. Diante dessas especificidades, ser líder capaz de atrair respeito, admiração e ainda unir o grupo faz toda a diferença. E isso não é nada fácil. A consequência se verá imediatamente no campo. Vitórias e conquistas alavancam carreiras. Projetam o nome do clube. Reforçam a sua marca. Permitem que novos apoiadores surjam e se interessem. Derrotas e descensos retiram conceito dos atletas. Reduzem oportunidades de trabalho em times de ponta. Diminuem o valor do clube junto ao mercado. Até a Confederação Brasileira de Futebol olha sem compaixão.
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Os livros/textos de gestão empresarial nos ensinam muito sobre os fracassos. Dizem-nos que é com eles, os fracassos, que se pode crescer. O atingimento de metas só é possível quando o conjunto das pessoas está comprometido com a causa geral. E que cada um que consiga fazer o que se espera. Motivos não faltam para que o JEC se reestruture, se reorganize e faça, a partir de janeiro, os máximos esforços para frequentar a elite dos 40 principais times de futebol do País já em 2018.