Quatro fatores tornam o Brasil novamente atrativo para os investidores estrangeiros. Juros em queda, inflação sob controle, reformas estruturantes a caminho de aprovação pelo Congresso, e, portanto, maior segurança jurídica para os negócios melhoram o ambiente para os negócios. A análise é do estrategista da XP Investimentos, Celson Plácido, que projeta a aprovação da reforma da Previdência em setembro.

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O profissional esteve em Joinville na quinta-feira passada, quando concedeu entrevista para a coluna.A seguir, os principais trechos da conversa realizada na Manchester Investimentos.

Como o senhor analisa a economia brasileira atual?

Celson Plácido – O cenário é positivo, favorável. Veremos muitos investimentos estrangeiros virem para o País. Os sinais são bons.

O que mais lhe anima?

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Plácido – A inflação está controlada. Os juros vão baixar mais. As reformas serão aprovadas. Haverá mais segurança jurídica para os empreendedores saírem do mercado financeiro e aplicarem em negócios da economia real, produzindo riqueza e gerando empregos. O sentimento de otimismo reaparece.

Isso significa que veremos a economia crescer logo?

Plácido – Bom, o Produto Interno Bruto (PIB) deve crescer 0,5% neste ano e, em 2018, 3%, pelo menos. Não dá para desconhecer que o nível de expansão da economia só vai se recuperar de vez, em 2020/21. Serão sete anos para igualarmos a produção industrial de 2014, época em que a recessão começou.

Tem um nó neste meio tempo. As eleições de 2018.

Plácido – O PT fez pesquisa na periferia de São Paulo e a maior demanda do povo foi por emprego e menor interferência do governo nas coisas. Se lá há essa compreensão, alertou o PT para este novo momento. Inexiste espaço para radicalismos.

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Aí temos um problema de qualidade dos nomes falados a presidente. Ou não?Plácido – Acreditamos, pelo desenho atual, que poderão ser candidatos Dória ou Alckmin, Bolsonaro, Caiado, Ciro Gomes, Marina Silva. Serra e Aécio estão fora do páreo. Virá ainda um nome do PT. E, do PMDB, provavelmente ninguém. O PMDB deverá compor de vice com o PSDB. O nome do possível vice? Hoje se fala muito em Paulo Hartung, do Espírito Santo, aparentemente. Neste quadro, o PSDB só perde essa eleição para si mesmo.

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Dória ou Alckmin?

Plácido – Em política não há ingenuidade. Dória sairá candidato se Alckmin disser: ‘Sim, vai, é contigo!’

O ambiente para os negócios estão melhorando. Pesquisas apontam nessa direção. Há mais otimismo.

Plácido – Sem dúvida. Quebraram- se importantes paradigmas. O fato mais relevante foi o sucesso da licitação de quatro aeroportos médios e pequenos: os de Porto Alegre, Florianópolis, Salvador, Fortaleza. E quem levou foram operadores europeus de primeira qualidade.

Outros sinais?

Plácido – Pedro Parente, na Petrobras, ganhou autonomia e reverteu resultados e expectativas sobre a empresa. A companhia passou a ser olhada de maneira positiva. Captou recursos no exterior a juros bem razoáveis. Há dois anos, a Petrobras não tinha nem balanço.

Os estrangeiros vão correr para investir no Brasil, de novo?

Plácido – Os investidores estrangeiros já veem o Brasil de forma mais favorável. A licitação de blocos de petróleo no pré-sal, e se for autorizada, a compra de terras por estrangeiros, somados à convicção de que as reformas trabalhista e previdenciária vão ser aprovadas criam um sentimento bem positivo. As regras para os negócios estão melhorando. Os estrangeiros também enxergam oportunidades de negócios para um mercado consumidor de 200 milhões de pessoas.

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Há algum receio?

Plácido – O receio que ainda há é o da candidatura de Lula a presidente.

O senhor entende que as reformas aumentam o apetite dos empresários por novos investimentos?

Plácido – Claro. A reforma trabalhista virá em breve. A flexibilização das regras dará mais tranquilidade aos empresários.

E a polêmica da reforma da Previdência?

Plácido – O projeto da reforma da Previdência será aprovado em setembro. Acreditamos nisso. Com algumas mudanças pontuais, aqui e ali.

Mas como se resolve o drama de micro e pequenas empresas, com enormes dificuldades para serem lucrativas e que empregam milhões e milhões de trabalhadores?

Plácido – O grande problema das pequenas empresas chama-se falta de crédito. A maioria dos bancos praticamente abandonou esses clientes. Sobraram o Santander e o Itaú.

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O senhor transmite muito otimismo e tem visão de que o País vai crescer novamente. Mas o desemprego continuará a crescer neste ano ainda…

Plácido – Sim, é verdade. O nível de desemprego ainda vai piorar nos próximos meses. Atualmente, 22% das residências brasileiras são sustentadas por alguém que não trabalha. Ou é aposentado, ou é dona de casa.

Juros menores e inflação controlada garantem horizonte e expansão?

Plácido – Juros menores, inflação controlada, concessões para infraestrutura e viabilização das reformas são elementos que vão propiciar o crescimento da economia. Acreditamos num PIB bem pequeno, de 0,5% neste ano – e de 3%, ou mais, de alta, já em 2018.

Comparativamente a outros países ditos emergentes, como se situa o Brasil, aos olhos dos investidores?

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Plácido – México e Turquia, pra ficarmos em dois exemplos importantes, têm suas dificuldades. O México em razão de sua grande dependência do mercado dos Estados Unidos. A Turquia por causa de aspectos geopolíticos. O Brasil está se posicionando de forma melhor, agora.

Então, o Brasil será um grande receptor de maciços investimentos externos? Acredita nisso?

Plácido – O Brasil tem tudo para ser o País que mais vai receber aporte de dinheiro. Em infraestrutura, especialmente.

Mas, ainda temos uma classe média pequena, e é a classe média que historicamente puxa o desenvolvimento.

Plácido – Sim, é verdade. Não seremos a Austrália, mas jamais seremos um país africano.

Vamos falar de dinheiro. Onde o investidor deve colocar seus recursos?

Plácido – Temos possibilidades boas neste momento em que os juros e inflação estão em queda. Se os juros básicos caem para 9% ao ano até o fim de 2017, e a inflação se estabelece no patamar de 4,5% ao ano, há um ganho real importante para aplicações conservadoras lastreadas em títulos do governo federal. No caso de quem tem perfil moderado, é relevante ter um dinheiro em fundos de investimento que entregam desempenho acima do CDI. Está na hora do investidor sofisticar seus investimentos.

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