Não fosse pelo cheiro desagradável e pelas condições da água, que há três semanas apresenta uma espécie de lodo, a lagoa Maria Fernanda, em Balneário Barra do Sul, no Norte, teria tudo para ser um paraíso.

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GALERIA DE FOTOS: poluição na lagoa de Balneário Barra do Sul

O gramado que contorna a lagoa abriga um campinho de areia, parquinho para as crianças, além de diversas árvores com sombra convidativa, ideal para um piquenique. Segundo o representante comercial Djalma Bittencourt, 54 anos, que mora no local há cinco anos, há três semanas a situação era outra e a água estava limpa.

– A maré estava ótima, isso aqui estava limpinho, dava até para ver os peixes -, conta, com tristeza.

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No entanto, nos últimos dias, especialmente após a quarta-feira, quando houve vento forte, o lodo começou a se acumular em alguns pontos da orla e se tornou inevitável o contato com a substância ao entrar na água.

– Eu entrei e quando saí tinha uma crosta gosmenta, preta e brilhosa. Ficou tudo grudado. Debaixo do chuveiro, só esfregando com bastante sabonete e água quente -, conta a auxiliar administrativa Margareth Hochgstoettner, 56 anos.

A morte de caranguejos e de alguns peixes está preocupando os moradores do local, que antes estavam acostumados a pescar robalo, sardinha e corvina, para se alimentar.

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Margareth conta que na última sexta-feira, um senhor que mora no local pegou caranguejos para preparar para a janta e passou mal à noite inteira após comer a iguaria. Fatma descarta a poluição por óleo na morte de animais que assustou moradores.

Caranguejos sem oxigênio

O analista técnico e fiscal de meio ambiente da Fatma, Afranio Ladeira, esteve na lagoa no início da tarde desta segunda-feira e afirma que as manchas que apareceram no local não correspondem a óleo.

– Aquilo lá não é óleo, é matéria orgânica em estado de putrefação -, disse.

Ladeira explica que o lodo corresponde a folhas, troncos e esgoto. Como a água não tem para onde escoar, criou-se a crosta.

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– É uma água parada, a água parada também putrifica. O vento forte trouxe tudo para aquele vão, que não tem saída -, esclarece.

Os caranguejos e os peixes estão morrendo por falta de oxigênio. A equipe não coletou amostras da água. Segundo Ladeira, a Prefeitura deveria limpar o local.

Contraponto

O prefeito de Barra do Sul, Ademar Borges, que estava reunido com o secretariado no fim da tarde de segunda-feira disse que o problema entrou na pauta da reunião e que hoje ele, os secretários de Obras, de Infraestrutura e do Meio Ambiente vão à lagoa para avaliar a situação e definir as medidas que serão tomadas.

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– Se for esgoto, é uma situação difícil. Nós já estamos pleiteando melhorias junto ao governo do Estado -, disse.