Mais novo delator com acordo assinado na Lava-Jato, o lobista Mário Góes se comprometeu a repatriar US$ 8,5 milhões (cerca de R$ 30 milhões) que mantém na Suíça. O acordo foi ratificado segunda-feira em audiência presidida pelo juiz Sérgio Moro, da 13ª Vara Federal de Curitiba.

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Góes é acusado de ter lavado dinheiro desviado de contratos com a Petrobras a serviço das empresas Arxo e Andrade Gutierrez. O lobista, na audiência, confirmou que sua empresa, a RioMarine, forjou contratos fictícios com empreiteiras que atuam em obras da Petrobras. Isso foi feito para sistematizar o pagamento de suborno à diretoria de Serviços da estatal – no caso, ao gerente Pedro Barusco e ao diretor Renato Duque.

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Barusco já confirmou a informação, em delação premiada, inclusive se comprometendo a devolver US$ 100 milhões (cerca de R$ 350 milhões) que possui no Exterior. Duque ainda negocia um acordo de colaboração com a Lava-Jato e até trocou de advogado, na tentativa de fazer o acerto.

O lobista Góes acertou a delação premiada semana passada e segunda teve sua primeira audiência com a Justiça após o acordo. O lobista se comprometeu a pagar uma “multa compensatória” de R$ 38 milhões pelos danos causados ao erário público. Parte do dinheiro será obtida com a devolução de US$ 8,5 milhões que ele possui e estão depositados nas contas Maranello e Phad, no Banco Lombard Odier (em Genebra, Suíça). Os nomes das contas correspondem a empresas-fantasmas abertas por Góes para “limpar” dinheiro superfaturado em contratos entre empreiteiras e a Petrobras.

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O valor que falta Góes tentará obter mediante venda de imóveis.

Góes, em troca, conseguiu o benefício de prisão domiciliar, parte dela em regime fechado diferenciado (com tornozeleira e sem poder sair de casa). Após um período, terá de prestar 40 horas mensais de serviços à comunidade. O restante deverá ser pago em até dois anos, mediante a venda de imóveis do colaborador. Ainda não há destino definido para o dinheiro, mas o acordo prevê que o MPF viabilize a transferência para a Petrobras, ou outro órgão público.

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Na audiência com o juiz Moro, Góes voltou a defender o filho, Lucélio, que chegou a ser preso pela Lava-Jato, mas foi solto. Ele é sócio do pai na Rio Marine e alega inocência.

– O Mário Góes explicou ao juiz que o dinheiro no Exterior é dele, o filho nada tem a ver. O Lucélio tem várias empresas, mas com negócios corretos. Vamos provar isso e inocentar ele – descreve o advogado gaúcho Lúcio de Constantino, que defende Lucélio.

*Zero Hora