Com nome abrangente e slogan poético – “alimento para a alma” -, o Vale-Cultura, benefício de R$ 50 que irá subsidiar “um bom cineminha e ainda um teatro” para o povo brasileiro, nas palavras da Ministra da Cultura, Marta Suplicy, deve começar a ser entregue a partir do segundo semestre de 2013.
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Isso porque, depois de quase três anos, desde que foi apresentado pela primeira vez ao Congresso Nacional em 2009, o projeto de lei que institui o vale foi sancionado sem vetos pela presidente Dilma Rousseff na última quinta-feira. A partir de agora, o Governo dispõe de 180 dias para regulamentar a medida.
Na prática, o cidadão recebe um cartão magnético semelhante aos de vale-transporte e vale-refeição, que poderá utilizar para comprar ingressos de cinema, teatro e shows, além de livros, CDs e outros produtos ou serviços culturais.
Tem direito ao benefício quem recebe até cinco salários mínimos por mês, o equivalente a R$ 3,39 mil (considerando o valor do mínimo a partir de 2013), incluindo servidores públicos federais e estagiários; aposentados também podem requerer a mesada, mas o valor será de apenas R$ 30. O vale é cumulativo e depende da adesão das empresas empregadoras ao programa. Além disso, até 10% do total mensal – R$ 5 no caso do vale de R$ 50 – poderão ser descontados dos rendimentos do funcionário.
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Boas intenções não faltam ao Governo Federal, que anuncia a expectativa de aumentar em cerca de R$ 600 milhões o consumo mensal de bens culturais no país, além de contribuir para a formação de cidadãos apreciadores e consumidores de cultura (brasil.gov.br/sobre/cultura).
Mas, se o Vale Cultura fosse distribuído hoje, e supondo que pudesse ser prontamente utilizado em qualquer estabelecimento, quantos e quais produtos culturais disponíveis à população catarinense poderiam realmente ser adquiridos com o benefício? Confira alguns exemplos abaixo.
Cinema
Os valores das entradas variam. Hoje, na Capital, o ingresso mais barato custa R$ 5 (meia-entrada às terças-feiras no Paradigma Cinearte), enquanto o maior valor é R$ 25 (sessões em 3D, aos finais de semana, no Cinesystem Iguatemi). A média entre integrais, meias-entradas, promoções e salas 3D – que têm bilhete mais caro – gira em torno de R$ 15. Com esse valor, dá pra pegar três cineminhas no mês e sobra troco.
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Teatro
Quem se interessa por peças independentes e não se importa com espaços pequenos pode encontrar ingressos a partir de R$ 10 a entrada inteira – caso de alguns espetáculos realizados no Teatro da Igrejinha da UFSC, por exemplo. Já as montagens maiores ou de circulação nacional, em teatros de grande porte, podem ter ingressos com valores que ultrapassam os R$ 100.
Shows
Apesar de consumirem sozinhas mais da metade do orçamento cultural do mês, uma ida aos shows de Cidade Negra (R$ 30), Otto (a partir de R$ 30), Nando Reis ou Michel Teló (ambos a partir de R$ 40) poderia ser financiada pelo Vale Cultura. Já Bob Sinclair (R$ 75) exigiria uma poupança de dois meses.
Livros
A trilogia mais vendida do ano, no Brasil, segundo a revista Veja, poderia ser adquirida em duas etapas. Cinquenta Tons de Cinza, Cinquenta Tons de Liberdade e Cinquenta Tons Mais Escuros, escritos por E. L. James, custam em média R$ 29,90 cada. A maior parte dos outros títulos que compõem a lista dos 15 mais vendidos em 2012 podem ser encontrados por menos de R$ 30.
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CDs
Tudo bem que o disco só tem quatro faixas, mas o recém-lançado Esse Cara Sou Eu, de Roberto Carlos, custa em média R$ 9,90. Já o vice-colocado na lista dos mais vendidos do momento, Abraçaço, de Caetano Veloso, custa R$ 29,90 no site da Livraria Cultura, seguido pelo ainda mais salgado Redescobrir, de Maria Rita, comercializado a R$ 36,90.