As histórias de imigração são sempre parecidas: as dificuldades no país de origem fizeram com que as pessoas tentassem a sorte em terras novas. E a região de Jaraguá do Sul guarda muitas dessas narrativas.
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Contando um pouco mais sobre a vida dos imigrantes da região de Garibaldi, foi lançado nesta terça-feira, no restaurante Parque Malwee, o livro “Páginas de Jaraguá – 120 anos da imigração húngara em Jaraguá do Sul”.
A obra foi escrita pela historiadora do Arquivo Histórico Silvia Regina Toassi Kitta e pelo pesquisador da Fundação Cultural Sidnei Marcelo Lopes e é a primeira de uma série sobre a história do município. O trabalho de pesquisa e de produção do livro levou dois anos.
– Fomos até o Arquivo Histórico do Rio de Janeiro para ter todos os registros corretos, com o nome dos imigrantes que vieram para essa região. Pegamos registros escritos e orais – conta Silvia.
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O livro tem 176 páginas e será doado para escolas públicas e particulares da cidade, universidades da região, Biblioteca Municipal Rui Barbosa, Associação Húngara de Jaraguá do Sul e Arquivo Histórico. Duzentos exemplares serão vendidos por R$ 10 e estarão disponíveis no Arquivo Histórico e na Fundação Cultural.
Para os escritores Sidnei e Silvia, algumas tradições húngaras se mantiveram e viraram tradição da cidade. Uma delas é a culinária, com destaque para o Strudel e o Goulash, além das danças e do idioma.
– A religiosidade é outro ponto forte que marcou muito esse povo. Os húngaros são católicos e assim que chegaram a Jaraguá do Sul a primeira coisa que fizeram foi construir a capela na região de Garibaldi. O básico para eles estava pronto – destaca Sidnei.
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Ele adianta que o próximo livro da série será sobre a ferrovia jaraguaense. Lilly Stahl, 89 anos, é filha de imigrante húngaro. O pai chegou ao Brasil aos quatro anos e construiu sua vida na região de Garibaldi.
– Ele tinha um comércio e vendia o que podemos chamar de atacado. Tínhamos um salão de festas ao lado de casa – lembra Lilly.
No livro há uma foto da família em frente a casa em que Lilly foi criada.
– Na época não nos interessávamos tanto em saber da coisas. Às vezes, meu pai comentava algo. É bom ter o registro no livro – destaca a aposentada.
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Silvia Kitta diz que o pai de Lilly “trouxe iniciativas importantes para a economia da cidade”. Outra descendente de húngaros que foi ao lançamento foi Olga Ribeiro Piazera Majcher, 78 anos. Para ela, o livro traz uma história concreta, com base em registros do passado da sua família e de outras que se fixaram na cidade.
O bisavô materno da aposentada, George Sênior, veio para o Brasil no primeiro navio de imigrantes e se instalou na região de Garibaldi.
– Meus pais, que já eram netos, começaram a dispersar para outros lugares. Em casa, sempre tivemos o costume de comer Strudel em datas especiais e a pimenta Papiro, que é húngara. Ou ir a Kiritag, uma festa de padroeiro onde todas as famílias se reúnem – afirma. ?
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Histórias de imigração
A grande maioria das pessoas que deixava seu país e embarcava em uma viagem de navio incerta não tinha oportunidades em sua pátria. Os húngaros, por exemplo, começaram a chegar ao Brasil em 1881.
Os primeiros navios atracaram no Rio de Janeiro com cerca de 200 pessoas, que passaram por Itajaí e Blumenau até se fixar na região de Garibaldi, em Jaraguá do Sul. Nos dois anos seguintes, há registros de mais de 700 pessoas que chegaram a cidade, todas nascidas na Hungria. Eram famílias inteiras que ajudaram a construir a história da cidade assim como outros imigrantes europeus.