No sábado, a partir das 11 horas, a Câmara de Vereadores de Jaraguá do Sul será palco do relançamento do Livro Negro da Ditadura Militar, uma obra que de 1972 que foi escrita, impressa e distribuída na mais completa clandestinidade e que causou grande impacto no País e no exterior.
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O evento acontece em várias cidades do Brasil para lembrar os 50 anos da ditadura, que durou de 1964 a 1985 e foi marcada pela falta de democracia, supressão de direitos constitucionais, censura à imprensa e repressão e tortura aos que eram contra o regime militar.
Haverá um debate sobre uma das épocas mais obscuras da história do Brasil. O organizador do livro, Divo Guisoni, vai relatar sobre o envolvimento na elaboração da primeira edição, publicada pelo grupo revolucionário Ação Popular (AP), do qual era militante, para denunciar as mazelas do regime.
Na oportunidade, o sociólogo de Jaraguá do Sul, Victor Alberto Danich, vai compartilhar informações sobre a tortura e o sequestro sofridos por ele na Ditadura Argentina, quando morava no País. A repressão durou de 1975 a 1983 e deixou mais de 30 mil desaparecidos políticos.
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A nova edição do Livro Negro da Ditadura Militar foi reproduzido com as mesmas características de quando foi editado em 1972 e é caso único na saga da resistência antiditatorial. Na época, 500 exemplares foram impressos numa gráfica clandestina e distribuídos pelos integrantes do Ação Popular em vários estados, para driblar a censura.
A obra possui um encarte com 16 páginas com depoimentos de pessoas envolvidas na obra em 1972. Divo e a mulher, Raquel Guisoni, estavam entre os responsáveis pela distribuição dos exemplares e foram perseguidos pelo regime.
Divo, que na época morava em São Paulo, foi condenado numa auditoria militar pelo seu envolvimento contra a ditadura e teve de mudar de nome para não ser preso. Até 1979, com a anistia, ele chamava-se João Pereira e a mulher adotou a identidade de Maria Elfrida Schneider. Nesse período, o casal mudou-se com as duas filhas pequenas para Porto Alegre e teve de reorganizar toda a vida por causa da perseguição.
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– Foi muito difícil. Mas me sinto satisfeito pelas lutas que participamos. Colocamos nossa vida à serviço da liberdade – comenta ele, que hoje vive em Florianópolis.
O quê: Relançamento do Livro Negro da Ditadura Militar, de 1972
Quando: sábado, a partir das 11 horas
Onde: Câmara Vereadores Jaraguá do Sul (Avenida Getúlio Vargas, 621, Centro)
Quanto: a entrada para o evento é gratuita. O livro custa R$ 30