Onde começaria uma batalha entre mundos se o cenário fosse, em vez de Nova York, a Grande Florianópolis? Na versão mané de A Guerra dos Mundos, famosa peça radiofônica levada ao ar por Orson Welles (1915 – 1985) em 1938, a invasão marciana da Terra começa por Santo Amaro da Imperatriz.
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A adaptação do programa marca o aniversário de 75 anos de uma das maiores mentiras transmitidas no mundo e o lançamento do livro Rádio e Pânico 2 (Editora Insular). A peça será interpretada por estudantes de Jornalismo da UFSC, com direção do jornalista e professor Eduardo Meditsch. Ele também assina a organização da obra, que reúne estudos brasileiros sobre a fictícia guerra e até os seus desdobramentos no país. O lançamento será hoje, após a apresentação ao vivo e transmissão via Rádio Ponto UFSC durante a Semana de Pesquisa e Extensão (Sepex).
– Essa história tem muitos pontos fascinantes. A maneira como ele traduziu no rádio um romance de ficção científica é uma delas – afirma Meditsch.
A dramatização da obra escrita em 1898 pelo inglês H. G. Wells (1866-1946) causou uma histeria generalizada nos Estados Unidos em 30 de outubro de 1938. Na época, Orson Welles, então com 23 anos, apresentava semanalmente textos literários adaptados na rádio CBS. Mas naquele dia um em cada cinco ouvintes acreditou que a Terra estava mesmo sendo invadida por marcianos. O pânico provocou acidentes, prejuízos e até tentativas de suicídio. Rádio e Pânico 2 – A Guerra dos Mundos, 75 Anos Depois é uma continuação de Rádio e Pânico, publicado em 1998 por um grupo de pesquisadores.
– Alguns dos textos incorporaram mais informações, já que na época do primeiro livro os dados disponíveis eram menores – diz Eduardo Meditsch.
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Segundo o professor, o rádio ainda tem o seu papel e um poder que não foi alcançado por outras mídias.
– Infelizmente no Brasil se adotou uma forma de fazer rádio que não utiliza os mesmos recursos explorados até os anos 1960 – afirma.
Ele lembra que em Florianópolis foram produzidas mais de uma centena de peças para rádio, com elenco de estrelas e grande orquestra. Mas esse modelo se perdeu por causa da TV.

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