Luta e jogo. Uma das expressões culturais que mais adeptos tem no mundo, a capoeira, que passou a ter destaque em Florianópolis em meados de 1970, ganha um registro histórico em Rodas de Capoeira – Arte e Patrimônio em Florianópolis. De autoria da antropóloga María Eugenia Domínguez, o livro será lançado neste domingo, às 19h, na Barca dos Livros, na Lagoa da Conceição.
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Maria Eugenia apresenta a capoeira não apenas como diversão. Para isso, mostra que os grupos de pequeno porte funcionam em sistema de rede. Além de preservar a manifestação cultural, cuja origem gera controversia entre os historiadores, a prática tem um forte apelo social.
– Muitos professores trabalham mais de 12 horas na semana com atividades voluntárias – observa a pesquisadora.
Dividida em quatro capítulos, a obra foi escrita a partir de 30 entrevistas realizadas com os mestres capoeiristas que vivem em Florianópolis e consulta a documentos e historiadores. Também descreve os 11 grupos regulares identificando mestres, praticantes e a ideologia de cada um. O segundo capítulo é dedicado a profissionalização da área. Hoje, boa parte dos mestres vive na informalidade e há uma movimento pelo reconhecimento da profissão.
– A capoeira tem um papel muito importante na educação- destaca María Eugenia.
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Em Pinceladas da Memória, ela apresenta imagens e depoimentos. No final, em Arte e Patrimônio, a autora apresenta a luta do capoeirista contra estereótipos e baixa valorização.
A capoeira é alvo de preconceito histórico, conforme apontam registros feitos por meio de pinturas em obras literárias e documentos do final do século 19. Em cidades do Brasil, como Salvador, Recife e Rio de Janeiro, a capoeira era considerada crime, previsto no Código Penal por uma legislação, que mudou em 1937.
Divisor de águas, a Semana de Arte Moderna de 1922 foi um dos elementos que influenciou a mudança da lei.O movimento capitaneado por Mario de Andrade, Oswald de Andrade, Manuel Bandeira e Menotti del Pichia, em sua primeira fase, imprimiu no Brasil a modernização cultural. Esta transformação também atingiu a capoeira que passa de manifestação criminosa à prática esportiva lúdica.
Nas décadas de 1930 e 1940, dois baianos célebres, Mestre Bimba e Mestre Pastinha criaram duas das escolas capoeiristas mais populares: a capoeira regional e a de angola. As duas se diferenciam nas características dos movimentos, na musicalidade, na organização do ritual do jogo e na filosofia.
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Financiado com recursos do Edital Elisabete Anderle, o livro será distribuído em escolas e bibliotecas.
Rodas de Capoeira. De María Eugenia Domínguez. Editora Contraponto., 120 págs. Distribuição dirigida..
Agende-se
O quê: lançamento do livro Rodas de Capoeira – Arte e Patrimônio em Florianópolis Quando: domingo, às 19h
Onde: Barca dos Livros (Rua Senador Ivo d’Aquino, 103, Lagoa, Florianópolis)
Quanto: gratuito