Com um enredo que combina suspense, terror psicológico e simbolismos profundos, “O Sonho da Borboleta”, de Lucas C. Lima, desafia seus leitores a mergulharem em um verdadeiro labirinto narrativo. Inspirado na parábola de Chuang Tzu, o livro evoca o conceito taoísta do sonho, onde a linha entre realidade e ilusão se torna indistinguível. Essa ambiguidade permeia toda a obra, tornando-a uma experiência única para os fãs de literatura de mistério e terror.

Continua depois da publicidade

Confinados em uma mansão, um grupo de jovens enfrenta desafios mortais, desde corredores intermináveis ​​que provocam claustrofobia até criaturas que personificam seus traumas mais profundos. Cada personagem é obrigado a lidar com o pior de si mesmo, enquanto a desconfiança entre eles cresce.

— A mansão tem o aspecto de trazer para o mundo real coisas que estavam dormentes na cabeça dos personagens, é como se eles estivessem vivendo um pesadelo sem fim, vivendo os piores momentos das vidas deles e precisando encarar os seus piores traumas—, explicou Lucas C. Lima, em entrevista ao NSC Total.

Siga as notícias do Hora no Google Notícias

Continua depois da publicidade

Clique e participe do canal do Hora no WhatsApp

A borboleta e seus muitos significados

Na mansão em que a trama se desenrola, borboletas negras cobrem os rostos de personagens retratados em pinturas, transformando-se em máscaras de identidades ocultas. Na obra publicada pela Qualis Editora, a borboleta vai além de sua representação popular de metamorfose e transformação.

— A borboleta preta acaba tomando um significado também de uma persona, de uma identidade velada, de você não conhecer exatamente quem é aquela pessoa e talvez até não conhecer você mesmo. Ela representa também a magia do lugar, o conceito de quase irrealidade. De certa forma, ela simboliza a própria mansão em si, o próprio ambiente em que a história se passa—, afirma o autor.

Entre sonho e realidade

A mansão, descrita como um espaço que flutua entre o imaginário e o real, explora a dualidade entre sonho e vigília. Nesse ambiente, onde a imaginação dos personagens ganha forma material, com a mansão criando ambientes baseados nos medos, angústias e traumas de quem está em seu interior, as linhas entre o que é verdade e ilusão se desfazem. Esse conceito filosófico inspira a tensão: o que acontece quando os limites entre mente e realidade deixam de existir?

Continua depois da publicidade

— A história é bem metafórica e cheia de simbolismos e a própria mansão em si passa a sensação de ser um labirinto, um ambiente que não faz sentido. Eu conecto esse ambiente com o próprio inconsciente humano, com o conceito de estarmos presos na nossa própria mente, que é um lugar que nós não conhecemos de verdade, que nós não temos como sair, e existem coisas lá dentro que nós não temos nem como imaginar que existem—, pontua.

Metáfora para a mente humana

Segundo Lucas, na mansão que serve de cenário para a história, os corredores infinitos criam uma sensação claustrofóbica e sufocante, uma metáfora para a impossibilidade de escapar, mesmo em movimento. Essa característica intensifica o sentimento de impotência e fragilidade, como se os personagens estivessem presos em um ciclo sem fim.

A mansão é uma metáfora para a mente humana, ela tem essa característica de trazer à tona para o mundo material coisas que eram só da mente dos personagens, deixando turva a divisão do que é verdade, do que não é verdade. Porque em um lugar onde o que você imagina é tão real quanto aquilo que já era realidade antes, não tem muita diferença do que está dentro da sua cabeça para o que está fora , explica Lucas.

Continua depois da publicidade

Paralelamente, as pinturas espalhadas pelas paredes da mansão desempenham um papel enigmático e perturbador. Representando acontecimentos do passado ou até mesmo vislumbres do futuro, essas obras misteriosas desafiam a lógica e a percepção dos personagens

— Sabe quando você acorda de um sonho que você sabe que foi muito importante, que você sabe que foi muito revelador, mas só se lembra de um pedacinho, mas esse pedacinho em si já faz com que você mude a sua ideia de realidade de certa forma? As pinturas servem também como esse vislumbre para uma verdade escondida —, conta Lucas.

O Papel do Alquimista: Vilão ou força da natureza?

Uma das figuras centrais do terror que se desenrola é o alquimista. Considerado o antagonista principal do livro, o alquimista é uma presença que permeia todos os aspectos da narrativa, embora sua presença não seja física em muitos momentos da história, suas armadilhas psicológicas moldam os desafios enfrentados pelos protagonistas.

Continua depois da publicidade

O alquimista é uma figura oculta, quase como uma presença maligna, é quem coloca tudo em movimento, mas não age diretamente, é quase como uma força da natureza, intangível, que o grupo de jovens que está na mansão precisa superar de alguma maneira, explica Lucas sobre “O Sonho da Borboleta”.

Ao criar armadilhas e cenários que refletem os medos mais profundos dos jovens, o alquimista se torna uma metáfora para o próprio caos interno humano.

Ligação de “O Sonho da Borboleta” com outras obras

Embora “O Sonho da Borboleta” seja uma obra autônoma, ela compartilha temáticas e inspirações com “O Deus Pálido”, uma coletânea de contos de terror cósmico também assinada pelo autor. Ambas as histórias exploram o horror do desconhecido, desafiando as limitações da mente humana.

Continua depois da publicidade

Leia também:

Rebeca Luz faz fantasia e ciência se encontrarem em “Artefatos de Sangue”

Bianca Jung detalha o processo de escrita que a colocou entre os novos nomes da fantasia nacional

Livros mais vendidos da Amazon em 2024