Não à toa, o casamento do príncipe William, no próximo dia 29, com Kate Middleton é o assunto da vez. Por mais que a revolução feminina tenha trocado rótulos e incorporado almas independentes, meninas e mulheres ainda buscam em suas conquistas amorosas viver um conto de fadas.

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Por um príncipe encantado, tornam-se exigentes consigo mesmas, numa procura incessante pela aparência ideal, por comportamentos que reproduzam a postura das princesas de clássicos infantis.

Bem… Críticas deste porte já foram mais do que feitas. Mas não com a acidez e a ironia da jornalista espanhola Raquel Sánchez Silva. Apresentadora de programas de televisão no Canal Cuatro e vencedora do Prêmio Cosmopolitan de melhor apresentadora de TV pelo reality show Peking Express, Raquel estreia nas livrarias com Troco o Príncipe Encantado pelo Lobo Mau, que acabou de ser lançado no Brasil pela Fontanar.

São 118 páginas que podem ser lidas num fôlego só. Raquel é direta. E, por vezes, passa uma página inteira sem abrir um novo parágrafo. Diante de um texto veloz, não raro é preciso voltar e ler de novo.

A jornalista propõe que as mulheres promovam uma “dupla pirueta com salto mortal” para deixar de ser a princesa e se tornar a madrasta. Desmonta o mito do Don Juan e torna-o João sem Medo.

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Com a metáfora de Sininho, a fada de Peter Pan – e referências às aulas de aeróbica com Jane Fonda desafiando a autoestima feminina em vídeos em VHS -, a jornalista toca em feridas femininas. Sininho é a ex-namorada, a melhor amiga, a bonitona do trabalho. Sininho não irá embora nunca e “ele, se puder, vai transar com ela uma ou duas vezes por mês”. Mas a mulher, sugere Raquel, pode procurar pelo barco pirata e viver aventuras com capitães rudes.

O mito do corpo perfeito é um crime, uma armadilha. Por causa de Jane Fonda, “surgiu um ecossistema com fauna própria: o multicolorido, castigador e muitas vezes malcheiroso universo das academias”.

Raquel não é econômica. Chega a ser agressiva como na frase acima. Sua proposta é moderna demais para boa parte das mulheres de 30. Mas se meninas de hoje pescarem um pouco de seu pensamento, os filhos de William e Kate hão de ter um casamento menos vigiado.