Como uma grande parcela de Joinville criou vínculo com a cidade e como foi sendo registrada pela historiografia e imprensa, sobretudo na representação das festas tradicionalistas, foram os motes da pesquisa da historiadora Ilanil Coelho, que será lançada hoje em livro, no auditório da Univille. Pelas Tramas de uma Cidade Migrante derivou da tese de doutorado em história cultural pela UFSC.
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A autora recolhe dados e depoimentos para provar por que Joinville pode ser considerada uma cidade migrante. Em tal posição – Ilanil mudou-se de São Paulo na década de 1990 -, ela percebe nas mudanças ocorridas na cidade desde então a manutenção de uma mitificação de pioneirismo, mas, ao mesmo tempo, um reconhecimento multicultural baseado em etnias.
– Percebi melhor esta questão quando fui à Festa das Tradições, que, para representar a cidade, fez estandes para cada etnia, excluindo a parcela da população que veio do Paraná, São Paulo, Nordeste…-, lembra.
A reflexão envolveu Ilanil na trama histórica da cidade, principalmente quando confrontados os dados do IBGE (Instituto Brasileiro de geografia e Estatística). Na década de 1980 – período em que a autora propõe iniciar a pesquisa -, metade das pessoas residentes em Joinville não nasce aqui, enquanto, 20 anos depois, a porcentagem praticamente se manteve, apesar do número de habitantes terem quase duplicado.
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A historiadora separa a obra em três instâncias. No primeiro momento, a pesquisa mergulha no sentido de imigração e migração, esta geralmente ofuscada nas representações locais, e o desejo de etnitizar a identidade urbana, baseada em festas populares como a Festa da Polenta e Festa do Arroz. Os registros históricos, entre 1980 e 2000, destes migrantes são revistos pela autora no segundo capítulo.
Ilanil dedicou o terceiro capítulo para os mais de 20 migrantes entrevistados.
– Na última etapa da pesquisa, eu fui atrás destes protagonistas para ver como eles se viam na cidade. Neste capítulo, pensei nos migrantes como eu-, detalha a autora.
A coleta de depoimentos mostrou que boa parte dos entrevistados não somente veio a Joinville em busca de um posto de trabalho, mas também por conta de redes familiares.
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– O que mais me chamou a atenção é que a grande maioria hoje se diz joinvilense”, ressalta.
A autora considera o livro uma contrapartida.
– Tive um prazer enorme em fazer este trabalho sobre a cidade que eu acolhi como minha e que também me acolheu-, afirma.
Além de doutora em história cultural, Ilanil é professora no mestrado em patrimônio cultural e sociedade, presidente do Conselho Municipal de Políticas Culturais e pró-reitora de ensino da Univille.
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Serviço
“Pelas Tramas de uma Cidade Migrante”, 280 páginas. Editora Univille, R$ 35 (após o lançamento).
O QUÊ: lançamento do livro “Pelas Tramas de uma Cidade Migrante”, de Ilanil Coelho.
QUANDO: Sexta-feira, às 19h30.
ONDE: auditório da Univille.
QUANTO: entrada gratuita. No dia do lançamento, o livro será vendido a R$ 25.