O Fantástico na Ilha de Santa Catarina, livro de Franklin Cascaes, está de volta ao mercado editorial. Com a edição anterior esgotada, o livro sai em volume único pela coleção Repertório e ganha também uma versão digital gratuita, disponível a partir de hoje no site da EdUFSC.

Continua depois da publicidade

_ As estórias são narradas em um linguajar muito próximo do oral, com uma ortografia típica, mas que remete também a um passado de 300 anos. Foi um trabalho intenso para que chegássemos a um formato que estivesse dentro das novas regras da ortografia, sem deturpar a riqueza do texto de Franklin Cascaes _ explica o Diretor Executivo da UdUFSC, Sérgio Medeiros.

Franklin Joaquim Cascaes nasceu no município de São José, em 1908. Autor de desenhos, esculturas, e objetos de artesanato, Cascaes pesquisava e escrevia sobre o folclore local, sendo seu mais conhecido expoente na literatura.

Em 1981, doou todo o seu acervo ao Museu Universitário da UFSC, onde estão guardados quase mil desenhos, 1250 esculturas e acessórios cenográficos de sua autoria, além de 286 cadernos com anotações.

Continua depois da publicidade

Entre bruxas e fadas

O ano era 1975. O museólogo Gelci Pena Coelho, conhecido por todos como Peninha, estava na casa do escritor e folclorista Franklin Cascaes, autor de O Fantástico na Ilha de Santa Catarina, livro que ganha relançamento hoje, pela Editora da UFSC. No escritório da casa em Florianópolis havia um armário, sempre fechado.

– O que tem aí dentro, Cascaes?

– Roupas da minha mulher (que havia morrido alguns anos antes).

– Então, vamos tratar de tirar isso daí. Não traz boas energias.

Dito isso, Peninha abriu o armário. Além de pertences da ex-dona da casa, havia duas sacolas grandes, de plástico. Dentro delas uma infinidade de manuscritos e desenhos de Cascaes. Eram mais de 100 cadernos. Peninha gostou muito do que viu. Aliás, gostar é pouco. Ficou maravilhado, extasiado.

– Cascaes me disse: se você tiver paciência, leio cada uma dessas histórias, e depois me dá sua opinião. Eu ouvia tudo, encantado. Estava ali, traduzida em palavras, toda a história oral passada de geração em geração desde a chegada dos primeiros colonos açorianos à Ilha de Santa Catarina, lá pelos anos 1600. Eram histórias do imaginário popular, mas também contavam muito dos costumes e tradições locais.

Continua depois da publicidade

Peninha, conhecedor de arte em todas as suas expressões, logo percebeu que havia ali um tesouro. Datilografou os manuscritos, pegou os desenhos, colocou tudo em uma pasta e saiu, em busca de algum editor que se interessasse em publicar a obra. Deixou o material para ser analisado na editora da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC).

Quatro anos se passaram, sem uma resposta. Indignado, voltou lá. O responsável pela editora, na época, lhe perguntou:

– Você acha que alguém vai ler isso?

– Fiquei furioso e fui procurar o reitor, Erich Stemmer, que decidiu organizar e publicar o livro. Foi uma edição singela, com apenas 12 histórias, chamada O Fantástico na Ilha de Santa Catarina. Tornou-se um sucesso, principalmente porque Cascaes foi o primeiro escritor a documentar a literatura oral do nosso povo. Desde então, o escritor tornou-se referência quando o assunto é o folclore e as tradições populares da Ilha da Magia.

Continua depois da publicidade

Agende-se

O quê: lançamento da nova edição de O Fantástico na Ilha de Santa Catarina, de Franklin Cascaes

Quando: hoje, a partir das 16h30min

Onde: Feira de Livros da Editora da UFSC (Praça da Cidadania, em frente à Reitoria)

Quanto: evento gratuito