O assunto era tratado como lenda: em 1899, o então major e depois tenente- coronel João José de Oliveira Freitas (1847-1916) saiu de Porto Alegre e viajou durante quatro meses por terra, mar, trem, carroça e até mula acompanhado da mulher e oito filhos – um deles nascido no caminho, em parto realizado pelo próprio militar – com destino ao Oeste de Santa Catarina. Ele tinha a missão de comandar a Colônia Militar do Chapecó, primeiro núcleo urbano da região. Municípios hoje prósperos e importantes para a economia do Estado e do Brasil começaram seu desenvolvimento ali. Essa história é contada com zelo pelo jornalista e historiador Mário Xavier no livro O Coronel Freitas e a Colônia Militar do Chapecó – Os Primórdios de Xanxerê e a Colonização do Oeste Catarinense (Editora Insular). O autor autografa a obra em lançamento hoje, às 19h, na Fundação Cultural Badesc, em Florianópolis.
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A narrativa em teor de grande reportagem e iconografia histórica recriada pelo diretor de arte Alexandre Oliveira é inédita. Xavier debruçou- se em arquivos históricos, fontes primárias, documentos e fotografias antigas para contar como foi a ocupação, a colonização e o desenvolvimento do Oeste no final do século 19 e começo do 20.
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A obra faz um recorte entre os anos 1900 e 1903, quando a Colônia estava sob o comando do Coronel Freitas. Mas a pesquisa começa muito antes, em 1840. Nessa época, parte do ter-ritório catarinense ainda era disputado pela Argentina – que reivindicava 30 mil km² em razão de tratados históricos entre Espanha e Portugal. Apenas em 1895 essa questão foi resolvida. E ainda tinha o Paraná, antiga província de São Paulo, que também postulava parte grande do Oeste, imbróglio que só se resolveu em 1917.

– Essa colônia tinha o objetivo de zelar pela fronteira, proteger e ajudar a população local insipiente e desassistida. Não havia estrada, os deslocamentos eram a pé ou com mula. A comunicação se fazia por meio do Rio Uruguai. Ela levou escola, remédios, farmácia – explica o jornalista.
TRINETO DE CORONEL FREITAS
O Brasil teve 27 colônias militares, sete delas localizadas na região Sul.
– Era uma forma de colonizar o país, ferramenta estratégica para povoar áreas mais difíceis – conta Xavier.
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A Colônia Militar do Chapecó foi fundada em 1882. Era notadamente brasileira, com população de aproximadamente 700 civis, nativos da região divididos entre 150 famílias, e 14 militares de outros Estados. Foi lá que surgiu o jornal pioneiro da região Oeste e foi construída a primeira igreja – na época feita de madeira e ainda hoje de pé, conforme fotografias resgatadas pelo autor.

O jornalista de 59 anos começou a pesquisa em 2013, mas há mais de 15 investiga a genealogia da sua família e descobriu ser trineto do Coronel Freitas. Sobre o ancestral, descobriu que era um herói.
– Ele nasceu em São Borja (RS) e lutou na Guerra do Paraguai. Falava espanhol e guarani e deixou a guerra como veterano, quando foi estudar engenharia militar no Rio de Janeiro. Tinha muita experiência – conta.
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Quando chegou no Oeste, tinha 37 anos. Morreu em 1916 como general, no Rio Grande do Sul, pai de 21 filhos frutos de dois casamentos. Em 1929 o desbravador foi homenageado como nome de vila e mais tarde do município (1961) localizado próximo a Xanxerê.
O projeto do livro foi contemplado com o Edital Elisabete Anderle de Estímulo à Cultura e contou com patrocínio incentivado pela Lei Rouanet. Parte das obras será doada a instituições de educação e equipamentos culturais de acesso público.
AGENDE-SE
O quê: lançamento do livro O Coronel Freitas e a Colônia Militar do Chapecó, de Mário Xavier
Quando: hoje, às 19h
Onde: Fundação Cultural Badesc (Rua Visconde de Ouro Preto, 216, Centro, Florianópolis)
Quanto: gratuito
Informações: (48) 3224-8846
O Coronel Freitas e a Colônia Militar do Chapecó – Os Primórdios de Xanxerê e a Colonização do Oeste Catarinense. De Mário Xavier. Editora Insular. 160 págs. R$ 56 (R$ 40 no dia do lançamento)
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