Responsável pela trilogia de romances eróticos Cinquenta Tons de Cinza, que bateu 40 milhões de exemplares vendidos, a autora britânica E.L. James credita o sucesso da obra mais à história de amor entre uma universitária e um milionário que às descrições detalhadas de sexo entre os protagonistas.
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James contou que mostrou o trabalho a dois profissionais do mercado antes de lançá-lo como e-book de forma independente. Segundo ela, um dos editores recusou a obra alegando que a história era “muito erótica”.
– Escrevi o romance por diversão, para mim. Se tivesse um contrato, não teria essa liberdade. Essa é a história que queria contar, da forma que eu quis marrá-la, e isso foi muito libertador. No mercado editorial tradicional, há muita interferência sobre a produção – avalia James.
O segundo capítulo da trilogia, Cinquenta Tons Mais Escuros, chega esta semana ao mercado brasileiro – com 50 mil exemplares já comercializados em pré-venda, segundo dados da editora Intrínseca. O livro parte do rompimento entre Ana Steele e Christian Grey, já que a garota teme os desdobramentos de uma relação de submissão completa ao milionário, um dominador que não gosta de ser tocado por ninguém.
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James diz que esse ponto de partida do segundo livro é a única coisa que mudaria na trilogia: – Hoje penso que eles ficam muito pouco tempo afastados, só alguns dias. Alteraria apenas isso, faria a separação durar mais. Para ela, a edição em e-book, as capas discretas e o boca a boca foram decisivos para as boas vendas.
– Quando tinha 30 e poucos anos, lia romances eróticos ficcionais, com capas que me deixavam envergonhada e que eu precisava esconder das pessoas. Por isso optei pelo design dessa capa, que é discreto e que não permite – ou não permitia que as pessoas soubessem o que está ali dentro – observa a autora.
Ex-executiva de TV, casada e mãe de dois filhos, James não gosta do rótulo de “pornô para mamães” conferido a seus livros. – É um trabalho jornalístico preguiçoso, à procura de um rótulo fácil, e, além do mais, degradante à mulheres – lamenta ela. Embora considere o uso do rótulo ofensivo à mulheres, James sofre diversas críticas de grupos feministas, que discordam da relação de submissa total – e não apenas sexual – entre Steele e Grey e que veem nisso um retrocesso para a sociedade.
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– Essa história de amor suma fantasia, não retrata o mundo real, e isso atrai as mulheres. Mas não somos idiotas e sabemos que não é verdade. No fim do dia, o que realmente queremos é alguém que nos ajude a lavar a louça, e não alguém tão controlador como Christian Grey – analisa James, com uma risada ao fim da frase.
As críticas de que há um “fetiche do capitalismo” e de que sua protagonista deslumbrada com a riqueza de Grey, que sempre oferece caros presentes, são rebatidas da mesma forma. A trilogia em breve terá versão cinematográfica, com direitos vendidos pelo valor recorde de US$ 5 milhões e supervisão constante de James.