Passado o momento mágico do nascimento, o sentimento de alegria que invade o pai dá lugar ao temor. E agora? Aquele bebê hipnotizante precisa de banho, de comida, de atenção e de cuidados. A mãe parece vir pronta para tudo: leite, colo e uma conexão automática com a criança. Mas e o pai? Como ele vai enfrentar a saga de romper definitivamente o cordão umbilical da gravidez e participar a fundo da criação de um filho?
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Não há outro meio: o jeito é mergulhar de cabeça, encarando desafios grandes e pequenos, como a hora do banho, do arroto, madrugadas insones e até mesmo a resistência da mãe. Desajeitado ou não, o pai precisa estabelecer contato com aquela criaturinha frágil, que cresce muito rápido e que recompensa os exaustivos tropeços com um olhar que guarda todas as maravilhas do universo.
Esse é o enredo de Como nascem os pais (R$ 48,90, Mescla Editorial, 208 páginas), de Renato Kaufmann, autor também de Diário de um grávido. Se o primeiro livro surgiu da necessidade de desabafar por causa da incerteza de acompanhar uma gravidez, o segundo é o retrato fiel e bem-humorado dos dois primeiros anos de uma menina na vida de seu despreparado pai.
Criador do blog Diariogravido.com.br, Kaufmann escreve crônicas relatando o aprendizado cotidiano de alguém cujo maior mérito, nas suas palavras, até então tinha sido cuidar de dois gatos.
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– Uma hora você percebe que, apesar de inexperiente e tapado, foi de alguma forma talhado para a coisa – afirma Kaufmann.
Na nova onda dos pais participantes, ele conta no livro inúmeros episódios: dos primeiros banhos à tradução dos misteriosos “fonábulos”, passando pela primeira doença grave, a evolução da mobilidade em um bebê que não para quieto e as noites de insônia, o autor desafia a ideia que as mães são os únicos seres prontos para cuidar de suas crias e mostra que o amor pelos filhos é uma escola diária, da qual ninguém sai completamente aprovado.
Abordando um tema universal, o autor dá a ele contornos ora chocantes, ora surreais, fazendo do bom humor e da coragem frente ao ridículo as suas principais armas para vencer os percalços do dia a dia.
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– De repente, pai de menina, aquelas piadas que você antes costumava fazer com seus amigos, agora, inspiram instintos assassinos – conta.
A emoção de ouvir “papai” pela primeira vez, o vazio inexplicável causado por um fim de semana longe da pequena, a revolta diante das mentiras ou das histórias cruéis que se contam para as crianças, tudo isso Kaufmann descreve com sinceridade no livro. Sobra espaço até para algumas dicas práticas.
O autor é mestre em Comunicações Interativas pela Universidade de Nova York, redator publicitário durante o dia e escritor durante a noite. Escreveu para a Folha de S.Paulo, o Jornal da Tarde, para revistas como Superinteressante, Set, +Dinheiro e Pais&Filhos e foi correspondente internacional do iG em Nova York.
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