Um dos maiores clichês (e verdades) para quem é músico diz que “ter banda é como um casamento“, referência à compreensão e paciência que os dois relacionamentos exigem. Essas complicações acabam encaminhando músicos para a liberdade do voo solo, mas para o guitarrista Marcello Della Vechia levou a alturas inéditas em seus 30 anos de música. Sozinho, descobriu a praticidade, possibilidades estéticas e, ao fazer de qualquer canto um palco, a realização como artista, enquanto pavimenta o caminho dos joinvilenses com acordes suaves e discretos.

Continua depois da publicidade

Confira notícias de Joinville e região.

Nascido e criado no rock, Marcello, de 46 anos, viu que tão difícil quanto manter uma banda unida era achar músicos dispostos a encarar o jazz com ele. O limbo criativo se aproximava quando descobriu Ray Barbee, skatista do movimento jazzístico da costa Oeste dos EUA. O uso que ele fazia do pedal de looping – com o qual é possível gravar uma base de notas iniciais e, na sequência, dispará-la enquanto se improvisa a melodia – mudou tudo para o professor de Joinville, que viu na tecnologia o meio para fazer as coisas por conta própria. Estudou o equipamento a fundo e, com mais um pequeno amplificador e a guitarra, saiu do quarto para a rua.

– Quando fiz trabalho de palhaço, entre 2010 e 2013, aquilo me aproximou da rua, porque antes eu ouvia a música do palco – constata Della Vechia que, em 2015, começou a se apresentar em livrarias, museus, shoppings, praças e eventos. Detalhe: sem nunca cobrar nada. Para ele, é fácil encostar em qualquer banco de praça, plugar a guitarra e sair executando temas de Pat Metheny, Wes Montgomery, Larry Carlton, John Coltrane e até versões jazzísticas para Eric Clapton, Beatles e Yes.

Continua depois da publicidade