Quem compra leite com frequência notou que desde a semana passada os preços dispararam nas gôndolas da Grande Florianópolis. O litro de caixinha já se aproxima dos R$ 4, enquanto custava pouco menos de R$ 3 no começo do ano. Nos mercados de bairro, onde os preços dos produtos são mais altos, a reportagem da Hora encontrou o litro de uma marca conhecida e tradicionalmente mais cara a R$ 6,68.
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O setor explica que o problema está na oferta do leite, que caiu. O excesso de chuvas no sul do Brasil e a seca no centro-oeste reduziram a oferta de leite no mercado interno, forçando para cima os preços, segundo o Conselho Paritário Produtor/Indústria de Leite de SC (Conseleite).
A entidade lista outros motivos para o aumento: além do clima, que prejudicou a recuperação das pastagens, o custo da nutrição subiu, sobretudo o milho, e muitos criadores venderam parte das vacas leiteiras para o abate por causa da forte valorização da carne bovina.
Por isso, o Conseleite anunciou na semana passada os novos valores de referência para junho, com aumento de R$ 0,07 a R$ 0,09 centavos (ou 7%) sobre os preços do mês anterior. No entanto, o aumento sentido nos mercados é bem maior que essa porcentagem.
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A reportagem da Hora encontrou o litro do leite de uma marca popular a R$ 3,89 em um mercado no bairro Trindade. Em um supermercado no bairro Monte Verde, o mesmo produto estava R$ 3,48. Numa caixa de 12 unidades, essa diferença chega a R$ 5.
A dona de casa Nilza Conceição Furtado se espantou com o preço na gôndola. Procurou a marca mais barata e levou dois litros.
— Aumentou, mas a gente tem que comprar, não tem outra alternativa. Tomar só café preto não forra — brinca.
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Os derivados também estão caros. O pote de requeijão está R$ 4 e o tablete de manteiga de marca inferior, alguns centavos o mais. O queijo então nem se fala: R$ 36 o quilo da marca mais barata encontrada.
Preços vão aumentar ainda mais
Não bastasse esse preço, o consumidor vai ter que se preparar: o presidente da Aurora Alimentos, Mário Lanznaster, informou que se reuniu nesta terça-feira com demais cooperativas leiteiras, quando foi decidido um novo aumento de R$ 0,12. Ele explica por que o aumento nas gôndolas é maior que o anunciado.
— Nos últimos 60 dias, vem aumentando mês a mês os custos para o produtor. O milho é o grande vilão, dobrou de valor em um ano. É ele que está encarecendo a produção do leite e também da carne de porco e de aves.
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O vice-presidente do Conseleite, Adelar Maximiliano Zimmer, prevê que a diminuição na oferta continue nos próximos meses. Com isso, o preço no varejo só deve cair depois de setembro, quando as pastagens começam a melhorar e a produção reage.
— Os preços praticados pelas indústrias na aquisição da matéria-prima leite dos produtores rurais subirão, mas os custos também acompanharão essa escalada — acredita.
Santa Catarina é o quinto produtor nacional, apesar de ter apenas 1,2% do território nacional. O Estado gera 2,8 bilhões de litros por ano.
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