Assim que sair do trabalho, no fim da tarde, a véspera de Natal na casa de Queli Moura, 33 anos, será como em tantas outras, com a cozinha movimentada no preparo da ceia e a expectativa de receber pessoas queridas para o jantar. A diferença é que quem vai sentar ao lado dela para celebrar a data são os amigos.

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Longe da família, que mora no Rio Grande do Sul, Queli encontra em outras pessoas, que estão na mesma situação, uma forma alegre e divertida de passar o Natal. Com saudade, sim. Mas sem solidão.

– É claro que dá vontade de estar com a família. A gente acaba ligando, desejando um feliz Natal por telefone. Mas não é nada triste. Amigos não vão ocupar o espaço da família, mas são a família que a gente escolhe – diz Queli.

Turismo, qualidade de vida e economia aquecida estão entre os fatores que fazem da região um palco perfeito para um Natal diferente do tradicional. Seja porque a movimentada temporada de verão não permite que se deixe o trabalho para passar a data em outra cidade, ou porque sol e mar podem ser uma boa opção para descansar durante as festas de final de ano, o fato é que as tradições natalinas acabam sendo substituídas por outras diferentes, mas ainda assim repletas de significado.

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No caso de Queli, o que a mantém em Balneário Camboriú para o Natal é o trabalho. Responsável pelo marketing de um salão de beleza na Praia dos Amores, e também pela butique que funciona no local, ela não poderia viajar nesta época. Encontrar outros amigos na mesma situação não é problema, e isto é uma tendência que se explica em números: Balneário é a cidade que detém o maior percentual de pessoas vivendo sozinhas no Estado, segundo o IBGE. Em 20% das casas, há apenas um morador.

Presentes

– Em 13 anos que moro aqui, só não comemorei o Natal com os amigos por duas vezes. Já cheguei a ter 20 pessoas para a ceia. Desta vez, serão sete. Acho que isso é algo bem próprio de Balneário – comenta Queli.

A celebração de Natal entre amigos é sempre combinada com antecedência, e o anfitrião da vez fica responsável pela ceia. A noite termina com a troca de presentes, durante a revelação de amigo secreto.

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– O segredo para passar bem o Natal é música boa, comida boa e estar com amigos divertidos, pessoas que você gosta e com quem se identifica – diz Queli.

Alegria em família, mas longe de casa

Uma pousada inteira na Praia Brava, em Itajaí, só para eles. Foi assim que a família do dentista Sidney Sato Oku, 43 anos, de Curitiba, resolveu passar o Natal. Ao invés de reunir os parentes em casa, eles preferem, todos, transferirem-se para a praia para comemorar a data.

O motivo? Falta de espaço. Sidney conta que a família foi crescendo, e não havia mais ninguém com uma casa grande o suficiente para receber todo mundo. A família, que se espalha por Lages, Campo Belo do Sul (SC), Brasília (DF), São Paulo (SP) e Uberlândia (MG), escolheu o litoral catarinense como ponto de encontro.

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A ceia, desta vez, será feita por um buffet contratado. Sobrarão para a família, com mais de 30 pessoas, os momentos de diversão à beira da piscina e de frente para o mar.

– A gente se encontra só uma vez por ano, então não tem briga. O Natal é sempre muito bom, as crianças se divertem – garante Sidney.

Uma ceia para dois

Acostumado a movimentadas ceias em família, Thiago da Costa Peixe, 27 anos, passará pela primeira vez a véspera de Natal na companhia apenas da namorada. A ceia a dois foi a opção para os desencontros de agenda, que não permitiram uma festa familiar. Morador de Balneário Camboriú, Thiago trocará o tradicional jantar, preparado pela mãe, pelo cardápio de um restaurante em Itapema.

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– Vai ser legal e o fato de passarmos sozinhos desta vez não me incomoda em momento algum – garante.

Na escolha do local – que tem vista panorâmica para a orla de Itapema – pesou o fato de o restaurante oferecer, além da refeição, atrações como apresentação de coral e chegada do Papai Noel.

Jantar definido, a troca de presentes ficou para outro momento. Thiago ainda não escolheu se antes, ou depois da ceia.

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– Isso é o menos importante. O que vale é celebrarmos a data e, principalmente, a oportunidade de fazermos algo diferente.

Presente antecipado e jantar com amigos

Júlio Ganassin já se acostumou a passar o Natal longe da família, que mora no Paraná. Produtor de uma das mais badaladas casas noturnas da região, ele já passou quatro anos vivendo no exterior e, por isso, a falta dos parentes na ceia não é novidade.

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Mesmo de volta ao Brasil, Júlio optou por passar a data sozinho, em Balneário Camboriú, para evitar o movimento das rodovias nesta época do ano. Desta vez, vai passar a ceia na casa de uma amiga.

Os pratos serão encomendados em um restaurante – uma tendência à qual muita gente tem aderido no Litoral, e que garante uma véspera de Natal com folga da cozinha.

– Não fico triste em passar longe da família, até porque, em poucos dias, meus pais estarão aqui.

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Bem resolvido com a solidão, Júlio não se incomoda nem de ter que comprar o próprio presente. Na sexta-feira, foi ao shopping buscar a TV que escolheu para incrementar a casa no Natal.