O litoral Norte de Santa Catarina termina o ano com 19 pontos próprios para banho dos 23 avaliados, segundo o relatório de balneabilidade feito pelo Instituto do Meio Ambiente (IMA). São dois a mais do que o mesmo período do ano passado e um a mais em relação ao início da temporada de verão, considerada na primeira semana de dezembro pelo IMA, que é órgão responsável pela preservação dos recursos naturais do Estado.
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A análise é realizada semanalmente durante a temporada (entre dezembro e março) em seis municípios da região onde há maior concentração de banhistas. Nos outros período do ano, é feita mensalmente. O aumento de pontos próprios deve-se mais às mudanças em locais que tem resultados inconstantes do que a um avanço ambiental.
Dos três que receberam bandeira azul nesta semana e tinham a bandeira vermelha na última semana de 2017, dois são tradicionalmente lugares em que não é recomendado para os banhistas por passarem mais tempo na lista de impróprios do que de aptos para banho: a Vigorelli, em Joinville; e um dos pontos da Praia de Paulas, em São Francisco do Sul.
A Praia de Paulas é, aliás, a única de São Francisco do Sul a ter um resultado negativo nas análises deste ano na cidade. Um ponto, localizado em frente à Praça da Figueira e a menos de um quilômetro do local que agora foi aprovado, perto da Praça do Inglês, foi reprovado pela terceira medição em dezembro de 2018.
Neste ano, ela passou um longo período considerada própria para banho, entre março e novembro. Em 2017, no mesmo período, este trecho foi considerado próprio apenas nas duas primeiras medições de dezembro e, na terceira, tornou-se imprópria, permanecendo assim pelo resto do verão.
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Em compensação, a última amostra, colhida em 21 de dezembro, apresentou um volume de apenas 318 da bactéria E.coli por 100 mililitros, o que significa que ela poderia ser considerada própria se não fosse seu histórico, que é levado em consideração na classificação do relatório de balneabilidade. Em 4 de dezembro, por exemplo, a amostra era de 11.199 E.coli por 100 ml.
Praias de São Francisco do Sul têm bons índices
Um dos locais mais buscados para lazer em São Francisco do Sul, a praia da Enseada tem apenas resultados positivos nesta temporada. Essa é uma constante naquele balneário, que só teve resultados negativos em dois pontos entre 16 de janeiro e 15 de fevereiro de 2018, após um período de chuvas (foram duas semanas de índices altos de bactérias e, depois, três semanas de reprovação pelo histórico).
As outras praias do município também tem bons índices de balneabilidade, o que pode deixar mais tranquilos banhistas como a auxiliar de produção Marina Krutzsch Pereira, de 27 anos. Ela frequenta as praias da região Norte ao lado da família várias vezes, todos os anos, principalmente na temporada de verão.
A escolha geralmente é pelas praias de São Francisco do Sul, onde geralmente eles analisam se a areia está limpa, se há lixeiras e acessibilidade, além de analisar a situação do trânsito. No entanto, as condições de balneabilidade não é um critério normalmente levado em consideração pela família.
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— Na verdade, eu nem sei onde vejo isso. Não olhamos muito se tem alguma placa que mostre se a praia está própria ou imprópria para o banho — conta ela.
Pontos são historicamente impróprios
Joinville, que a rigor não é considerada cidade com foco para este tipo de turismo, tem sua praia na Vigorelli, um canal da Baía da Babitonga, localizado na zona Norte da cidade. Ali, nesta semana, a bandeira mudou para azul (que sinaliza que está própria para banho) após três resultados com menos de 500 E.coli por 100 ml desde 3 de dezembro.
Em Barra Velha, há dois pontos considerados impróprios. Na frente da rua Antonio R. da G. Moura, a água foi reprovada pela terceira medição em dezembro de 2018. Ela também foi considerada imprópria naquele trecho durante todo o ano de 2017 e de 2018.
A Lagoa da Barra Velha, na frente da rua Dr. Plácido Gomes de Oliveira, na altura do número 336, foi reprovada novamente. Historicamente, ela não é própria para banho: na última medição, em 17 de dezembro, a amostra encontrou 24.196 bactéria Escherichia coli em 100 mililitros de água — o mínimo aceito é de até 799 E.coli por 100 ml.
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Na Barra do Sul, o ponto impróprio (perto da rua Otto Fiedler) também é considerado assim tradicionalmente. É a terceira medição da temporada com o mesmo resultado e, em 2017, foi considerado impróprio em todas as medições, exceto em 19 de dezembro. Em 2018, foi aprovado apenas nas medições de 4 e 9 de janeiro. Itapoá e Piçarras tiveram aprovação de todos os pontos desde que dezembro começou, resultado comum na maioria das análises dos últimos cinco anos.
Saiba como funciona a análise da água:
– O relatório cumpre a resolução 274 do Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama), que tem como objetivos:
1) Informar o banhista sobre as condições da águas nas praias, no locais onde há "recreação de contato primário";
2) Fornecer subsídios para que os entes públicos possam agir diante de cenários que estão constantemente desaforáveis.
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– As coletas são feitas nos locais mais suscetíveis de poluição, onde há maior número de banhistas.
– A existência de esgoto é verificada por meio da contagem da bactéria Escherichia coli (E.c.) presente nas fezes de animais de sangue quente, que podem colocar em risco a saúde dos turistas e da população local.
– Os técnicos fazem as coletas da água do mar a até um metro de profundidade, na quantidade de 100 mililitros em cada ponto.
– O material coletado é submetido a exames bacteriológicos durante 24 horas.
– São levados em consideração aspectos como condições de maré, incidência pluviométrica nas últimas 24 horas no local, a temperatura da amostra e do ar no momento da coleta (parâmetro físico) e a imediata condução para a pesquisa em crescimento bacteriano.
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– A água é considerada:
Própria: quando em 80% ou mais de um conjunto de amostras coletadas nas últimas cinco semanas anteriores, no mesmo local, houver no máximo 800 Escherichia coli por 100 mililitros.
Imprópria: quando em mais de 20% de um conjunto de amostras coletadas nas últimas cinco semanas, no mesmo local, for superior que 800 Escherichia coli por 100 mililitros ou quando, na última coleta, o resultado for superior a 2000 Escherichia coli por 100 mililitros.