As placas de “Aluga-se” fazem par com outro aviso em boa parte dos imóveis para locação na temporada no Litoral Norte de Santa Catarina: “Vago”. Está sendo um verão difícil para as imobiliárias e os proprietários de casas de praia, contrapondo-se ao bom movimento da última temporada. Se na virada do ano para 2016 havia lista de espera até o Carnaval, agora muitas casas ficaram vazias no Réveillon de São Francisco do Sul, Balneário Barra do Sul e Barra Velha.

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Os consumidores controlaram a vontade de pular ondas à meia-noite do dia 31 com a mesma moderação que estão segurando os bolsos: a procura é maior para o mês de janeiro, quando os valores diminuem e os pacotes tornam-se negociáveis.

É a primeira vez em 30 anos que os quatro sobrados do joinvilense Marcos Buhr em frente ao mar em Itaguaçu, praia de São Francisco, não são locados com pelo menos três meses de antecedência. De fato, no fim de semana de Ano-novo, apenas um deles estava ocupado.

– Houve anos em que a locação também foi baixa, mas pelo menos havia pesquisa. Neste ano, nem ligando para tentar negociar as pessoas estavam. Agora é que estão aparecendo pedidos de locação para janeiro – conta Marcos.

Segundo os corretores de imóveis consultados, os consumidores estão tentando negociar o tempo mínimo para estadia e os valores da diária. No período entre Natal e Ano-novo, o comum é que as locações tenham pacotes fechados de pelo menos dez dias, enquanto os turistas pedem períodos entre cinco e sete dias.

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– Muita gente está alugando em cima da hora, esperando para ver se consegue valores mais baixos. Pedindo para baixar diárias de R$ 600 para R$ 300 – afirma a corretora de imóveis Sandra Bosco.

Para a corretora Adriana Hennemann, a procura está pelo menos 40% mais baixa, pelo menos para o fim do ano. As locações estão ocorrendo para o período a partir de 2 de janeiro, e não são os joinvilenses ou jaraguaenses que estão indo para as praias de São Francisco do Sul: assim como ocorreu na última temporada, além dos paranaenses, que já são público cativo da cidade, são turistas de outros Estados, como Mato Grosso do Sul, Brasília, São Paulo e Minas Gerais, que alugam os imóveis nesta temporada.

Com vista para o mar

A família de Noeli e Arnaldo Lima está entre os paranaenses que optam pelo litoral catarinense para passar o verão. Eles frequentam a Prainha, em São Francisco, há cerca de uma década, e a cada ano alugam um imóvel diferente. Como fica distante para visitar a cidade durante o ano e verificar o estado da casa, Noeli guarda todos os telefones dos imóveis que a interessam em um caderno e faz as ligações no início do segundo semestre. Em 2016, ela reservou em julho uma casa em frente ao mar.

– Pensamos no conforto, em não ter que caminhar demais para ir à praia – afirma ela, que conseguiu negociar para ficar apenas sete dias, mesmo alugando no período de Ano-novo.

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Em frente ao mar da praia de Enseada, a joinvilense Andréia Silva também colocou o conforto como prioridade, mas descobriu, ao pesquisar os valores, que o apartamento com localização privilegiada estava custando o mesmo que os imóveis das ruas mais distantes da orla. Na virada do ano, o prédio em que sua família se hospedou tinha apenas mais um apartamento alugado.

– Faz um mês que viemos procurar e queríamos apenas por sete dias. A proprietária só aceitava por oito dias, então decidimos fechar – conta Andréia.